Mas não sabíamos disso quando fizemos nossas inscrições, no início de maio.
Enfim, como já estávamos inscritos, resolvemos ir mesmo assim e depois faríamos um bate-e-volta para almoçar com meus pais no interior. Idéia de louco, sem dúvidas.
Após uma noite de pouco sono (tivemos apenas 2h30 de sono), madrugamos, colocamos a "fantasia de atleta" e partimos para a estrada com destino à Morada dos Anjos (em algum lugar entre Rio Grande da Serra, Paranapiacaba e Suzano).
Parecia que o primeiro desafio seria chegar ao local, uma vez que os celulares e GPS não tinham sinal. No entanto, a planilha de navegação disponibilizada pela organização da prova estava impecável. Chegamos ao local após 1h30 de viagem, sem incidentes.
O friozinho se fazia sentir - e mais ainda no meu estômago, já que essa seria a primeira prova que eu correria após a alta da fisioterapia.
Um pouco antes da largada tivemos uma surpresinha: o percurso longo foi alterado de 12km para 14,9km, com a inclusão da "escalada de uma montanha de respeito" (palavras da organização). Eu e Cris trocamos olhares apreensivos. Ela estava claramente preocupada com minha lesão. Eu também estava, mas fingia não estar.
Às 8h35 foi dada a largada. Minha estratégia (se é que podemos chamá-la assim) era começar forte, tentando acompanhar o bloco da "elite C" (rs), e evitar as aglomerações quando começassem os trechos de single track e etc.
No entanto, como o percurso era desconhecido (nem mesmo a altimetria havia sido divulgada), qualquer tentativa de esboçar uma estratégia era em vão. Com menos de 1km de prova já teve início um trecho de single track em aclive, e aí pude perceber como meu condicionamento físico estava fraco (após praticamente dois meses sem treinar graças a uma Síndrome do Trato Iliotibial).
Saindo do single track, pegamos uma pequena descida em chão batido e então tomamos uma estrada de terra, relativamente plana, por poucos km. Nesse trecho cruzamos com alguns motociclistas fazendo trilha - vale mencionar que alguns deles foram bem "espírito de porco" e fizeram questão de derrapar as motos para levantar bastante poeira para os corredores.... como se o ar já não estivesse seco o bastante.
Enfim, na placa dos 5km meu cronômetro marcava 29min alto (quase 30 min). Considerando o aclive em single track caminhando e considerando minha falta de condicionamento, achei que sub 30min eu estava no lucro.
Trotando ao lado dos cavalos |
Outra consequência da falta de conhecimento do percurso foi a escolha errada do tênis. Por ser em Rio Grande da Serra, região cortada por diversos rios e riachos, acreditei que a prova teria um perfil "molhado" (como em Paranapiacaba ou São Sebastião, por exemplo) e escolhi usar meu Asics Fuji Racer, de drop um pouco mais baixo que do que costumo utilizar, um pouco menos de amortecimento, muito leve e com excelente capacidade de drenagem. No entanto, a prova inteira foi "seca" e de chão duro. Meus pés não gostaram tanto da minha escolha - nos kms finais, cada passada era uma marretada nos pés!
Do início do 4ºkm até o 8ºkm, subimos sem parar. A "escalada" foi muito dura, muito íngreme e de tirar o fôlego (em muitos momentos era necessário engatinhar para seguir subindo). Mas a vista do topo da montanha valeu cada gota de suor! Pena que não deu tempo de apreciar mais a paisagem, já que 50m após atingir o cume era hora de começar a descer: 700 m de descida muito técnica, entre pedras soltas e raízes... em resumo, uma tortura para os meus joelhos e coxas.
Terminando a descida técnica, bora queimar sola! Pelo menos esse era o pensamento... e então tive certeza de que meu rendimento estava muito baixo. Fui obrigado a andar diversas vezes no trecho plano! Uma novidade para mim e uma oportunidade para aprender a ser mais humilde e realista comigo mesmo. É impressionante como o condicionamento físico vai embora rapidamente quando somos obrigados a parar de treinar.
Nessa "altura do campeonato" - na verdade até antes disso - meu único objetivo era terminar a prova bem (sem me machucar).
Esse objetivo foi frustrado pouco tempo depois: um pouco após avistar a placa de 14km senti uma fisgada no local da minha lesão recém tratada. Bateu o maior desânimo.
Na descida final eu já não tinha nem mesmo forças para levantar as pernas, então saí topando em tudo quanto era pedra e raiz existente.
Com 1h54:29, cruzei a linha de chegada, me hidratei, e fui colocar gelo no joelho, para tentar administrar os prejuízos. Aproximadamente 30 minutos depois (total de 2h25:11), a Cris finalizou a prova e eu pude respirar aliviado (devo admitir que estava preocupado com ela).
Como de costume, tiramos nossas fotos, tentamos repor as energias e aguardamos a cerimônia de premiação. Nova surpresa: consegui ficar em 3º lugar na minha categoria e a Cris ficou em 1º lugar na dela!
Com sorriso no rosto (e, na mente, a preocupação com a lesão), hora de entrar no carro e encarar mais 3 horas de viagem para dar um abraço no paizão e mostrar meu troféu novo! Valeu a pena!
Com sorriso no rosto (e, na mente, a preocupação com a lesão), hora de entrar no carro e encarar mais 3 horas de viagem para dar um abraço no paizão e mostrar meu troféu novo! Valeu a pena!
Um comentário:
Wow....como é bom estar aqui acompanhando todo seu empenho, para chegar onde está. É com uma emoção e alegria, que leio todo o relato, que por sinal muito bem redigido, rico em detalhes, que nos remete junto as suas aventuras, e sentindo o quanto está determinado e feliz, por estar realizando seus sonhos. \o/ ..Parabéns para vocês, e sou fã de carteirinha, estarei acompanhando e torcendo sempre por vocês, ah... belas fotos heim, Até a próxima, focus..fé e que Deus os acompanhe sempre .....:*.
Postar um comentário