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segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Circuito das Serras - Etapa Paranapiacaba 12km

O que dizer sobre Paranapiacaba?

Aqui na região de São Paulo - Capital, 2 de cada 3 corredores de montanha nutrem um carinho especial por esse distrito de Santo André.
Seja por que esta foi sua porta de entrada para o trail running, seja pela certeza de que - não importa quais sejam as condições climáticas no resto do Estado de São Paulo - você irá encontrar neblina, chuva e muita lama.

No nosso caso, Paranapiacaba foi nossa primeira prova trail no Brasil, lá para o início de 2013. Em 2014 eu estava aguado para correr por lá novamente, mas uma lesão me deixou de fora, chupando o dedo, enquanto a Cris corria... eu já havia até comprado um Salomon SpeedCross em dezembro de 2013 pensando especificamente nessa prova, mas ele teve de aguardar mais de um ano até ser batizado na lama de Paranapiacaba!

E então surgiu o Circuito das Serras 2015 com uma etapa localizada justamente ali. Oportunidade que não poderíamos deixar passar, logicamente.

Fizemos a inscrição para os 12km (pois o mês de novembro já estava bem cheio em nosso calendário e não seria prudente encaixar mais uma prova de 21km ali no meio) e aguardamos ansiosamente a data da prova.

A altimetria divulgada no site da prova não impressionava nem um pouco (200m de ganho de elevação em pouco mais de 11km)... mas a gente já sabia que o atrativo desse percurso seria outro.

Altimetria divulgada para os 12km do Circuito das Serras - Paranapiacaba
Como de costume, o feriado de finados veio acompanhado de muita chuva, para garantir mesmo que o terreno estaria pura lama.

Tirei meu SpeedCross da prateleira, com todo o carinho, e disse a ele para se preparar, pois a hora da verdade se aproximava! rsrs


No domingo, 08/11/2015, acordamos cedo e pegamos a estrada até o distrito de Paranapiacaba. O caminho para chegar lá é bem simples e rápido (pouco mais de 1h de viagem). O único detalhe digno de atenção é a forte neblina - em alguns momentos ela era tão espessa que não era possível ver o carro vindo na pista contrária (o que garantiu alguns bons sustos com os "ônibus fantasmas" cruzando a pista!).



Chegamos à arena do evento com mais de uma hora de folga para o início da prova e tivemos a oportunidade de cumprimentar velhos amigos e desvirtualizar outros!
É engraçado esse lance de conhecer e acompanhar várias pessoas pelo Instagram e então, finalmente, encontrá-los pessoalmente. rs Nessa prova tivemos a oportunidade de fazer isso antes e depois da prova!



Enfim, às 9h convocaram os corredores dos 21km para alinhar para a largada e, dadas as últimas instruções, soou a buzina e lá foram eles.



Quinze minutos depois foi a nossa vez de alinhar. A neblina baixou bastante nesses 15min e, dada a largada, saímos em disparada por 1km em asfalto (com os staffs gritando a todo instante para que as pessoas fossem para o acostamento, já que a neblina não permitia que um motorista enxergasse o corredor até que já fosse tarde demais para desviar) - internamente eu chorava o desgaste de cada um dos cravinhos do solado do meu tênis... a cada 150m de asfalto eu mentalizava R$15,00 indo pelo ralo. rsrs

Terminado esse primeiro km, a galera afunilou para entrar na trilha. Apesar de ter largado num ritmo forte (para mim), ainda assim se formou uma grande fila da conga. Essa fila permaneceria por praticamente toda a prova, já que quase 100% do percurso era em single track - e nas seções que eram mais largas, boa parte do terreno estava inundado.



Conga, conga, con-ga!

Nojinho de uns, alegria de outros! Era hora de finalmente testar se esse tênis valia tanto quanto anunciavam.

Fiquei um tempinho atrás de uma fila de uns 10 corredores e assim que surgiu um charco eu não tive dúvidas: pulei no meio da vala para fazer a ultrapassagem.




Eu jurava que tinha enxergado o fundo da poça de lama, mas estava enganado... mergulhei até a cintura (molhei até o número de peito).... kkkk
Ainda assim consegui me levantar e seguir adiante com as ultrapassagens.

Pelos próximos 5km o procedimento era o mesmo. Amassar lama até não poder mais e ultrapassar pelas valas e poças.








Essa ultrapassagem coletiva pode ser vista AQUI

A única selfie que eu fiz, saiu essa belezura!

Eu estava ultrapassando MUITA gente e estava me sentindo muito bem. Bem até demais. Tão bem que mirei num corredor que estava lá na frente, ativei o modo caça e me desliguei do resto. Assim que passei o rapaz, voltei a dar atenção ao percurso e... caraio, cadê as marcações do percurso?!

Em momento algum eu abandonei o caminho principal, e também sei que não havia passado por nenhum staff indicando que deveria ter saído do caminho principal nos últimos mil metros... e mesmo assim eu estava num local sem qualquer marcação e sem pegadas na lama!

Cadê fitinha laranja? Cadê pegadas??


Olha pra frente...

Olha pra trás...

Faz conferência com coleguinha perdido e decide se sobe pela lateral...

Parei, olhei pra trás, olhei pra frente, corri mais uns 150m para a frente pra ver se achava as tais fitas laranjas que marcavam o percurso, não achei nada. Comecei a voltar de onde eu tinha vindo e um grupo de 5 corredores me alcançou. Eles disseram que também não haviam visto marcação alguma mas acreditavam que bastava seguir em frente. Um deles disparou lá pra frente e gritou que havia encontrado as marcações.

Resolvi seguir adiante, mas minha prova havia acabado ali. Eu sabia que não estava mais competindo, afinal, se não tinha fita naquela seção, obviamente ela não fazia parte do percurso... além disso, eu não sabia nem mesmo se eu estava indo na direção certa ou ainda se eu havia entrado no percurso dos 21km ao invés dos 12km.

Comecei a poupar água, comida e esforço, pois se realmente estivesse no percurso dos 21km era melhor me poupar para chegar inteiro.

Algum tempo depois retomei a estrada de terra e cascalho que havia pego no início da prova e tive a certeza de que estava indo em direção à arena novamente, mas ainda sem saber se o percurso faria algum desvio inesperado e me levaria mais 9km para dentro da mata...rs

Por fim, passei por um buraco na cerca (marcado com fitas laranjas) e me encontrei dentro do Clube que sediou o evento... o GPS acabava de apitar a marcação dos 10km. Mais 500m e cruzei a linha de chegada.

Frustração define.

Como disse, eu estava me sentindo muito bem e estava ultrapassando bastante gente. Estava louco para saber qual seria minha colocação em relação aos demais, mas após cruzar a chegada e conversar com conhecidos, verifiquei que o percurso real era outro... com 1,5km a mais.
Estou me sentindo frustrado até agora... primeiro por cortar o caminho (ainda que sem querer), e depois porque nunca saberei qual seria minha real colocação na prova.

Paciência. Fica o aprendizado... da próxima vez, olhe para as fitas do percurso ao invés de colocar um alvo nas costas dos coleguinhas e correr olhando só para o alvo.




Um pouco depois a Cris chegou, chegaram também outros amigos e conhecidos e fomos proseando até criarmos coragem para tirar as roupas enlameadas e colocar outras limpas para cair na estrada novamente.

É a última subida. Soldier on!




Mud brothers

Sobre a organização, eu não tenho do que reclamar. Preço acessível, camiseta de qualidade, arena bem organizada e bem abastecida, tudo ok. Quanto ao percurso, Paranapiacaba nunca decepciona! Se fosse um percurso seco, seria bem sem graça. Mas enlameado daquele jeito, é diversão pura!



No que toca à marcação do percurso, eu realmente não sei o que aconteceu. Sei que eu e uns 5 corredores (no mínimo) erramos o caminho. Mas não sei dizer se era um local fácil de errar e a organização poderia ter colocado um staff ali para evitar isso ou se foi a gente que vacilou...

Agora chega de escrever pois ainda temos que lavar essas roupas aqui:





A gente se tromba nas trilhas! (se eu não me perder de novo! rsrs)

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UPDATE: Enviei um email para a organização e pedi para retirarem meu nome da classificação geral. Assim não vou prejudicar quem está disputando o ranking do circuito. Consciência limpa =)

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