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quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Relato: Indomit Bombinhas 2x21km - O retorno do casal na prova Indomável! - Por ELA

Indomit Bombinhas: Uma prova desafiadora e almejada por nós, montanheiros, e sempre com muita história pra contar! 

A inscrição pra essa prova foi feita em Fevereiro desse ano, 6 meses antes da data da corrida.
O que deixou a prova ainda mais desafiadora foi o que aconteceu nesse intervalo de 6 meses: o rompimento do ligamento do tornozelo que sofri em um treino semanal.

A apreensão era muito grande. Mesmo com todas as sessões de fisioterapia e fortalecimento contínuo do tornozelo e entorno, a insegurança era muito grande. Foram 3 meses e meio sem treinar NADA e nos 15 dias que antecederam a prova, fiz alguns trotinhos paquera, em terreno regular e de baixo impacto.

Uma semana antes da prova começaram os avisos via email da organização Indomit, a contagem regressiva via página Bombinhas Runners no Facebook e a preparação do que deveria por na mala pra usar na prova foram me deixando ansiosa.

Na sexta feira a ansiedade já não cabia em mim!! Rsrs
Entrei no trabalho mais cedo pra poder sair mais cedo. Calculei 2h da Vila Olímpia até o Aeroporto e arrisquei usar o caminho do Waze pra evitar os piores trechos, porém, parecia que algo bloqueava meu caminho. A cada curva, a cada rua que entrava, parecia que estava pior, parecia o trânsito do dia do primeiro jogo da copa e, pra melhorar, o rádio informava que havia mais de 700km de congestionamento registrados...

O Gabriel também saiu do trabalho mais cedo e foi de Airport Bus Service. Fomos nos comunicando e o trajeto do ônibus também não estava fácil, porém conseguiu chegar primeiro que eu. SORTE! Ele fez o check in no totem de autoatendimento e, 2h30 depois de sair do trabalho, consegui estacionar no Edifício Garagem do Aeroporto Internacional de Guarulhos. 


Nosso voo estava marcado para decolagem às 20h55. As malas estavam no carro (somente bagagem de mão!), peguei um carrinho e fui correndo (literalmente!) pelos corredores de acesso ao terminal!!
Na entrada do terminal dei de cara com o Gabriel me esperando com um pão de batata salvador! Foi só o tempo de parar no pit stop e correr pro portão de embarque que, quase que imediatamente, já abriu, mas a aventura não acabou aí!

Após uns 50 minutos de voo, o comandante avisa que devido ao mau tempo, teto baixo e vento de cauda, não seria possível pousar e que esperaria alguns minutos sobrevoando a área. Meia hora depois o aviso de que não houve condições de pousar e a alternativa seria o Aeroporto Internacional de Curitiba e, se as condições não permitissem, voltaria para Guarulhos: PÂNICO!

Por sorte deu certo pousar em Curitiba. Enquanto os passageiros se dirigiam pro guichê da Gol por conta da hospedagem até a manhã seguinte, a gente correu pro Guichê da Localiza porque a gente TINHA que estar em Bombinhas até às 7h do sábado!

E lá fomos nós, debaixo de chuva durante as mais de 3 horas de viagem até Bombinhas, comendo umas bobagens que levei na bolsa por precaução. Mas chegamos!
Fomos deitar umas 4h da manhã e sem jantar!

Às 6h já estávamos em pé, nos paramentando para o grande desafio do dia: Terminar a prova!
Com largada marcada para as 8h da manhã, nos encontramos com o pessoal da JVM que já estava por lá posando pra fotos, nos alinhamos para a largada, a contagem regressiva começou e orei em pensamento pra que Deus me desse condições de encerrar o meu trecho.

Larguei bem tranquila. Percebi uma galeeera me passando, mas nem dei bola porque meu objetivo era terminar inteira.

Valendo!

Os primeiros 5 km foram dentro da cidade, subida e descida em paralelepípedo, curto trecho de praia com areia levemente fofa, asfalto e estrada de terra. 







(colega maratonista ainda se ofereceu pra 
tirar foto minha com a GoPro!)
Nesse trecho eu ainda implorava pro advil que tomei no desjejum fazer efeito logo, porque estava sentindo o tornozelo e ainda tinha muito chão pela frente! Nos trechos corríveis, mantive o trotinho paquera bem confortável que abandonei assim que começou a subida. Forte e com pedras soltas.





Chegando na camaradagem lá em cima, sorrindo pra foto!
Trotava no plano, andava nas subidas e tentava recuperar nas descidas. Apesar de estar insegura quanto ao tornozelo, senti que ele tava ‘pronto’ pra descida no estilo ‘nóis capota mas num breca’. Mesmo a trilha estando muito escorregadia, tentei ao máximo ganhar tempo nesses trechos e finalmente me senti ‘em casa’ de novo! Eu tava de volta, ali, no meio do mato, fazendo o que adoro!! Cheguei até a torcer o pé lesionado, mas o trabalho de fortalecimento foi tão bom que nem doeu!


'Nóis capota mas num breca'

Um pouco adiante avistei uma placa "Aprecie, Vale a pena". Pensei: 'o que tenho a perder se parar por 5 minutinhos??'. Realmente valeu a pena, o visual é lindo!!


Novamente o mesmo colega se ofereceu
pra tirar foto! Obrigada amigo!
Aproximadamente no km 11,5 vi um rapaz deitado no chão e um outro fazendo companhia. Na tentativa de ajudar, perguntei o que havia acontecido, se estava machucado ou desidratado. Aparentemente foi uma torção no tornozelo e o colega com quem conversei durante alguns trechos (o que tirou umas fotos minhas com a GoPro) ofereceu spray anti-inflamatório, como não podia ajudar, só me certifiquei de que já haviam pedido resgate para a organização e continuei. (Dias depois soube que ele teve que ser levado de helicóptero pra Florianópolis)


Daí pra frente a trilha tava ainda mais escorregadia. Já quase não havia trecho 'sujo' pra pisar, era torcer pro grip dar conta do recado e mandar ver sem medo de ser feliz!!










Lá pro km 15 saí numa praia. Era só um posto de abastecimento e isotônico, mas essa parte me deu uma emoção muito grande, agradeci por estar passando por ali, por poder apreciar a beleza do lugar, de ‘já ‘ estar no km 15 e estar me sentindo bem e até então estava dentro do objetivo, não fazer o trecho ‘morrendo’! Até registrei o momento num selfie borrado de água da chuva! Rs, eu realmente estava muito feliz!!


Olha a cara de feliz! :)
Lá pro km 17, saí em outra praia, de areia dura, confortável, porém minhas pernas estavam me dizendo que queriam parar, estavam dando sinais de fadiga e quase tive cãibras, o que só não aconteceu porque dei algumas pausas rápidas para alongar panturrilhas e posteriores.

Cansadona...
Dali em diante, só praia. Visual lindo e muita gratidão por estar ali.

...mas bora lá...


...que ainda dá pra soltar um sorriso!




No trotinho paquera!
Um píer! Tá chegando?
A cada momento que sentia as pernas pedindo pra parar, ativava o psicológico e dizia em voz baixa: ‘quem é que manda aqui? Sou eu que mando, perninhas, vambora que vocês conseguem!’. Por 3,5km repetia o ‘mantra’ e em alguns momentos eu caminhava, então aproveitei pra comer uma bananinha e logo voltava a trotar. O ritmo tava bem suave, quase uma caminhada rápida, mas eu queria me manter trotando, afinal era eu que mandava ali!!

Depois do Píer, o trecho de praia tinha um desvio bem curto pela rua e depois voltava pra praia.



Vamos perninhas, vocês aguentam!!
Ali era o trecho final do revezamento, mas como não conseguia enxergar o pórtico e não queria me pressionar, deixei a cabeça e as pernas me levarem num ritmo suave.
Ao ver o pórtico liguei a câmera e comecei a procurar o Gabriel. Ele estava bastante preocupado comigo e ficou feliz quando cheguei com cara de cansada, mas sem aspecto de sofrimento. Eu havia conseguido atingir meu objetivo e então começava ali o objetivo dele: concluir a segunda perna! Trocamos a bateria da GoPro e alertei: cuidado, o percurso está muito escorregadio!


Cheguei em 3h22!
Após voltar pra pousada, tomar um banho quente e colocar roupas secas, fui ao pórtico de chegada aguardar por ele, também preocupada, afinal os dois foram destreinados e fomos literalmente dos 5 aos 21km em uma semana.
Quando ele chegou, o relógio do pórtico marcava 6h15, registrei o momento e fui ao seu encontro (relato dele aqui)!
VENCEMOS nosso desafio! E nem fomos os últimos a chegar! Das 20 duplas mistas da nossa faixa etária, chegamos em 10º lugar! Sucesso!

Depois foi só relax, almoço, cochilo, festinha Indomit e cama! Ufa!

Indomit Fest


Na manhã seguinte uma pisadinha na areia (dessa vez sem tênis!) só pra não dizer que não fomos à praia!
Deixei a água bater nas pernas e agradeci novamente por aquele momento. Apesar de tudo, valeu muito a pena!

Gratidão

E então começou o perrengue da volta, porque chegar ao aeroporto em cima do horário do embarque foi marca registrada dessa viagem!

O bate e volta mais demorado e caro da vida!! Ainda bem que existe cartão de crédito e parcelamento em várias suaves prestações!!
_______

Confira mais fotos que tiramos durante o percurso na nossa página no Facebook!

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Relato: Indomit Bombinhas 2x21km - A saga para ser um Indomável

Que corredor de montanha nunca pensou em participar do encontro do trail running nacional, não é mesmo?

Foto: Bombinhas Runners

Mal havíamos retornado da Disney, onde corremos nossa primeira Meia Maratona, a Cris e eu decidimos que formaríamos uma dupla para encarar a Indomit Bombinhas 42k.

 - Inserir aqui o mesmo parágrafo dos meus últimos x relatos"blablabla fizemos a inscrição e compramos as passagens com trocentos meses de antecedência, achando que estaríamos saudáveis e treinados, blablabla, a prova chegou e mal estávamos aptos a correr 5km, quanto mais 21km!"

Pois é, foi isso mesmo que aconteceu. De novo! ¬¬

A única diferença para as outras duas Meias que corremos é que dessa vez eu consegui acumular alguma quilometragem nas pernas antes do desafio.
Nos 30 dias que antecederam a Meia da Disney, eu havia corrido 5km... nos 30 dias anteriores ao Mountain Do do Fim do Mundo eu acumulei ZERO km (fiquei mais de 60 dias parado)... mas para Bombinhas eu consegui acumular, entre um descanso forçado e outro, 23km nos 30 dias que antecederam a prova! Já era mais que a distância da prova, algo inédito até então para quem há quase um ano percorre mais km em provas do que em treinos! rs

Mas correr os 21km do revezamento não era o único obstáculo no caminho para me tornar um Indomável... não, senhor!

Para começar, o trajeto SP-GRU - normalmente feito em 40min - levou 2h para mim e 2h30 para a Cris. Foi o tempo de ela chegar ao aeroporto e abriram o portão para embarque! Nem tivemos tempo de jantar.

"Ufa", respiramos aliviados, "conseguimos pegar o avião!"
Se não desse pra pegar o voo, perderíamos a prova (nota mental: ODEIO provas aos sábados!).
O voo é super rápido e 40 min depois de decolar o piloto anunciou que iniciariam o procedimento de pouso... mais alguns minutos e vem a seguinte informação: "teto baixo, fortes ventos de cauda, chuva e visibilidade baixa... o avião tem mais 1h de combustível, então orbitaremos sobre o aeroporto aguardando uma brecha na cobertura, caso contrário tentaremos pousar em Curitiba ou teremos de retornar à Guarulhos".
Hein, oi, tipo, como assim, amigo??

O nosso plano era o seguinte: chegar à Navegantes 22h10, pegar o carro que estava reservado em nosso nome e dirigir 1h até Bombinhas, chegando lá às 23h e pouco, pegar nossos kits (gentilmente retirados pelos nossos amigos!) na recepção, tentar achar um lugar para comer, tomar banho e dormir.

O que realmente aconteceu: pousamos em Curitiba depois das 23h, alugamos um carro lá (pelo TRIPLO do preço - ficou mais caro até que as passagens aéreas!!!) e dirigimos sob chuva e neblina até Bombinhas, onde chegamos às 3h30... não achamos nenhum lugar para comer, tomamos banho, separamos as roupas para a prova e deitamos depois das 4h da manhã, para levantar às 6h00.

No sábado, café da manhã tomado, sono atrasado, mal humor deixado para trás, nos dirigimos para a área da largada (cerca de 800m de distância da nossa pousada) para encontrar o pessoal da JVM... e a chuva recomeçou.

Eiiii, como assim vocês não esperaram a gente pra tirar fotos?!
Ok, agora sim

A Cris faria a primeira perna do revezamento e eu faria a segunda. Então cumprimentei os amigos e saí do funil para assistir a largada junto com o Virgínio, que também correria a 2ª parte do revezamento (e correria muito bem, por sinal, sagrando-se campeão na categoria Duplas, chegando inclusive na frente do campeão da categoria Solo!).

Após a largada, tomamos o ônibus da organização até a área de revezamento para aguardar a nossa vez de correr. Como é árdua a espera! Ainda mais quando se tem a preocupação que eu tinha.

Como alguns de vocês sabem, a Cris rompeu o ligamento do tornozelo em abril e ficou mais de 3 meses em reabilitação. Desde que foi liberada a voltar aos treinos (o que ocorreu há poucas semanas) ela conseguiu trotar no máximo 5km de uma só vez.
Com toda a chuva da noite anterior e a que ainda continuava a cair, era certeza que ela iria passar por diversos atoleiros, gerando ainda mais instabilidade para o pé dela. Eu realmente fiquei com receio de ela se machucar novamente. Assim, cada minuto levava uma eternidade para passar!

Com 3h22 ela chegou, com a cara tranquila (relato dela aqui)! Isso me passou bastante tranquilidade também!

Deu até tempo de tirar uma selfie antes de começar a correr meu trecho (rsrs)
Enrolei ali uns 3 minutos, para me certificar de que ela estava mesmo bem e aproveitei para trocar a bateria da câmera. Só então peguei o chip do pé dela e comecei a minha parte da prova.

Bora lá, filhão, você tem 21km pela frente!

Nos 100m que separam o pórtico do revezamento do início da primeira trilha já me conscientizei que estava ali para curtir a paisagem e a experiência, e decidi que não forçaria ritmo algum durante a prova. Faria o máximo para não sair da minha zona de conforto (se é que isso é possível numa prova com percurso tão desafiador quanto essa!), afinal, ainda estou longe de estar 100% recuperado das minhas lesões e não queria ter de abandonar a prova ou atrasar a minha recuperação.

Saindo da praia (Zimbros?), peguei uma viela curta que desembocava numa escadaria de pedra e de lá num single track escorregadio, sempre subindo. Na primeira clareira foi possível avistar a praia lá embaixo e aquele cenário me deu uma injeção de ânimo.



De pouquinho em pouquinho comecei a alcançar alguns dos maratonistas e tentava sempre trocar uma frase de incentivo ou uma piadinha para descontrair antes de seguir o meu caminho. Se a prova estava dura para mim (com pernas 'frescas' e leves), imagina para quem já havia corrido 21km na lama até ali!




 O percurso estava maravilhoso: MUITA lama, muito single track, muitas raízes e pedras. E a cada clareira, uma nova paisagem estonteante aparecia. Mesmo os trechos percorridos em asfalto ou estradão de terra eram belos e desafiadores!

Feliz da vida até no estradão de terra!
A única parte "chata" foi correr uma praia inteira (mais ou menos entre o km 6,5 e o 10 - Praia de Mariscal?), pois eu tinha a impressão de correr, correr, e não sair do lugar.
Mantive o olho no Garmin o tempo todo para garantir que eu não ia me empolgar e acelerar no plano para acabar logo com aquela monotonia (eu sabia que se forçasse ali, faltaria perna para o final).



Nesse trecho comecei a usar vários joguinhos mentais para me manter estimulado. Repetia alguns "mantras" ("Você é indomável, rapaz!"; "Gabriel, você tá f#da hoje! Olha isso! Já correu tudo isso e tá aí, inteirão!"), lembrava da frase de uma amiga e ria sozinho ("Guarda pro final!") e até mesmo comecei a fazer uma paródia de um dos gritos de guerra do filme Tropa de Elite (ficou mais ou menos assim: "Homem de branco, qual é sua missão? É concluir a prova e me sentir um campeão! Homem de branco o que é que você faz? Eu corro até o fim, e não olho pra trás! Direita, esquerda, direita, esquerda...").

Praia longa à vista = Entrar no modo Stand-by


Isso ajudou bastante a quebrar a monotonia.
Outra coisa que ajudou foi encontrar um pinguim na praia! Infelizmente, ele estava morto... não deu tempo de tirar foto dele, mas depois de tê-lo visto corri uns bons minutos imaginando como ele foi parar ali e, quando vi, a praia acabou!






Eu estava me sentindo realmente muito bem! Sobe trilha, desce trilha, entra em mais uma praia, tudo bem tranquilo. Sem dores nas áreas lesionadas, sem respiração ofegante, bebendo e me alimentando quando dava vontade e aí, de repente, não mais que de repente, senti a panturrilha direita endurecer. Minha perna travou no meio da passada e saí arrastando a ponta do pé na areia, sem conseguir levantá-lo.
Nunca tinha sentido câimbras antes, mas não tive dúvidas de que era exatamente isso que estava acontecendo naquele momento.

Parei, respirei fundo, alonguei um pouco, tentei mexer as pernas e a sensação de rigidez havia diminuído. Ainda estava lá, mas estava mais fraca.
Tentei trotar bem curtinho e ela ameaçou travar de novo. Estava no km 15, faltando 6km para o final e percebi que não conseguiria correr por um tempo. Como isso nunca havia acontecido antes, não sabia exatamente qual era o próximo passo (vai passar sozinho? Tenho que parar aqui pra alongar ad eternum? Se eu correr ela trava de vez?).

Comecei a caminhar rápido e a panturrilha parou de incomodar. Caminhei mais algumas centenas de metros e arrisquei o trote com passadas curtas outra vez. Deu certo e assim fui por mais uns minutos, até sair da praia. Novas subidas, novas descidas e novos single tracks com vistas deslumbrantes. Que panturrilha dura que nada! É muito bom estar vivo!




Quer dizer, tudo muito bem até o km 17... o single track estava tão, mas tão escorregadio, que simplesmente não era possível trotar ou mesmo andar rápido.
Era necessário fazer todo o esforço para manter-me em pé a cada passo (geralmente, ficar em pé não requer esforço algum, né!). Haja propriocepção! Haja contração excêntrica! Haja grip no solado do tênis!

Saí da trilha e pensei comigo mesmo: Tô bom de novo!



Eh... Mais ou menos... melhor encostar naquele muro pra alongar direitinho. Encostei no muro e minhas pernas se rebelaram. Câimbras múltiplas e simultâneas! Alonga o quadríceps e trava o posterior, alonga o posterior e o sóleo começa a pulsar, alonga o sóleo e as panturrilhas gritam... mesmo parado, quietinho no meu canto, as pernas ficavam com vários espasmos! rsrs

E eu ainda não havia nem passado pelo famoso e temido "Costão", com suas pedras alegadamente escorregadias!

Disse para mim mesmo, em voz alta, que eu só precisava terminar a prova. Eu não havia treinado, então não poderia me cobrar resultado algum. Eu estava ali pra me divertir - e por mais que não faça muito sentido, mesmo com todas as câimbras eu estava me divertindo bastante!
Em diversos momentos eu uivava sozinho nas trilhas, exultante e grato por estar ali!


Muito feliz e grato por poder vivenciar tudo isso!
Cheguei à curtíssima praia de Quatro Ilhas (salvo engano) e iniciei a subida de mais uma trilha enlameada.

Por mais que eu fale ou poste fotos, não dá para ter noção de quão enlameadas as trilhas estavam... mas creiam-me, era muita lama! E eu estou acostumado com lama, hein!
Além da incessante chuva, temos que considerar que naquela hora todos os trocentos corredores dos 12km já haviam pisoteado por ali, fora os maratonistas e as duplas que estavam à minha frente! Simplesmente não tinha como pisar em algum lugar ainda "virgem"! rs




Quando o Costão finalmente chegou, fiquei boquiaberto! Que lugar lindo! Até esqueci das dores! Me senti uma criança, abri um sorriso e comecei a 'escalaminhar' as pedras conforme meu instinto mandava. Muito boa essa liberdade de escolher meu percurso entre as pedras!
E depois de toda a lama que havia pisado, as pedras nem estavam escorregadias, vai!







No fim do costão uma Staff disse "se prepara que a trilha aí em cima tá escorregando bem!"... eu fiquei confuso e perguntei pra ela "se lá tá escorregando bem, como é que estava até agora?!"

Mais ou menos por ali, olhei no Garmin e vi que estava com pouco mais de 2h de prova. Pensei comigo mesmo "pô, mais uns 20, 25 minutos e eu termino a prova! que beleza!!!" e então senti uma fisgada tão forte na panturrilha direita que caí ali mesmo, na lama. Me arrastei para o canto da trilha, pois se alguém tentasse desviar de mim ia acabar caindo junto, e ali fiquei. 1, 2, 3, 4... quase 6 minutos parado, só tentando alongar a panturrilha direita. Tentava levantar e era só colocar o peso do corpo na perna direita e ela travava outra vez... Um corredor passou e perguntou se eu estava bem e, antes mesmo de eu responder, ele escorregou e foi ladeira abaixo no "esquibunda"... apesar da dor, comecei a rir e gritei pra ele que tava tudo bem e que ele não precisava voltar pra me ajudar...rsrs Nem se ele quisesse ele conseguiria! rs

A câmera em time lapse conseguiu registrar o meu 'salvador' descendo no esquibunda...

...e as minhas tentativas de alongar as panturrilhas e acabar com as câimbras!



Esse quilômetro levou 'só' 22 minutos! Uma baba!

Quando, finalmente, ganhei confiança para andar novamente eu levantei e segui adiante. Anda, anda, manca, anda, manca, anda, trota, trota, epa! To bom de novo! Ou não... melhor segurar a onda até o fim!





Será que estava chovendo muito? Dá um zoom!


E então veio a placa de 41km e pude ver o deck de madeira. Dali era só não ter um colapso que eu sabia que iria completar a prova!

Encurtei ainda mais as passadas, pra não correr o risco de travar na frente do pessoal (rs), baixei a cabeça e fui! Quase sob o pórtico vi a Cris de guarda-chuva me esperando! =)

Acabado, porém realizado! (foto tirada pela Cris, sob o guarda-chuva rsrs)


Finalizamos a prova com quase 6h16.



Sim, agora somos indomáveis!!!



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Obs.:Tiramos MUITAS fotos durante a prova... selecionamos algumas e montamos um álbum na nossa página do Facebook.