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terça-feira, 3 de maio de 2016

Relato - Estreando na Maratona: 4º Desafio 28 Praias de Ubatuba - Por ELA



O Desafio 28 Praias é uma prova que está no meu coração, ainda mais por conta de, em sua primeira edição em Julho/2014, eu participar somente como apoio logístico, pois estava em recuperação do meu entorse no tornozelo - tendo que ser substituída às pressas no quarteto feminino - e, em 2015, finalmente matar a lombriga e correr em trio com a Karol e a Milena.



2014: Pé esquerdo em recuperação semi apoiado no chão

2015: Trio Feminino
Ao contrário do Gabriel, desde que comecei a correr, não sentia a menor vontade de participar de uma maratona. Não me sentia preparada física e nem psicologicamente pra isso, mas em novembro de 2015, quando foi anunciada a 4ª edição da prova e já havíamos feito alguns treinos longos, tanto em distância como por muitas horas em atividade, somados à participação de apoio/pacer da BR135+, ele me convenceu de que estava na hora de estrearmos a distância e o Desafio 28 Praias seria o cenário perfeito.

Visto que a prova seria em Abril/2016, nossos treinos focados na maratona começariam em Fevereiro, porém, como teríamos a BR135+ em Janeiro, nosso primeiro treinão longo foi logo no 1º dia do ano, pós ceia de Réveillon no solzão de Vinhedo terminando debaixo do maior pé d’água de verão. Na sequência mandei logo 38km como pacer do quarteto na BR135+. Então me senti confiante pra seguir o treino pra estreia.

Foram vários os locais de treinamento, vários amigos e vários, mas vários km!!!





Os primeiros longos foram difíceis, mas da metade pro final da planilha de treino passei a me sentir mais confiante. Eu, que sou tão ruinzinha de subida, conseguia ‘zerar’ algumas subidas que antes me pareciam impossíveis, terminando com as pernas um pouco doloridas, mas inteira! Todo o período de treino foi debaixo do calor do Saara. Alguns dos treinos começávamos tarde, tipo às 11h da manhã, justamente para ter a mesma sensação que provavelmente teríamos no litoral.

Vinhedo, Paranapiacaba, Juquery, Cajamar, Pico do Jaraguá e até Tijucas do Sul/PR foram os cenários dos nossos treinos. Acumulamos uma altimetria considerável e testamos e aprovamos várias possibilidades de alimentos, para que fosse possível completar a prova sem reabastecimento.

A semana que antecedeu a prova teve a chegada de uma frente fria (e bota fria nisso) e ficamos um pouco apreensivos por conta de uma possível chuva forte antes e durante a prova e a situação que as trilhas se encontrariam. Acabei não alterando nenhuma escolha de equipos, fiz a mala e pé na estrada.

Apesar da ansiedade dormi bem. Acordei com o Gabriel já acelerado e já de roupa trocada! Nos arrumamos e partimos rumo ao local da largada e o frio na barriga tava pegando forte!!

Deu tempo só de tirar foto e já seguir em direção ao pórtico.

ALOHA
A largada do solo masculino seria às 7h e o feminino às 7h05. O Gabriel me desejou boa prova, me deu o costumeiro selinho e partiu pro alinhamento da largada com o Will.

Fiquei ali na lateral pra gritar o nome dele quando passasse, mas eu não tava me aguentando de ansiedade! Assim que eles largaram, eu quase chorei de nervosa!! Ganhei um abraço forte da Ju (Nova Equipe), amiga de longa data, que tava praticamente chorando junto comigo, antes da largada um abração da Lilian (Nova Equipe), ambas me desejando boa prova.

Fingindo tranquilidade pra foto!!
Um misto de medo e ansiedade, mas com um número na cabeça: até 7 horas e 30 minutos de duração de prova era totalmente aceitável. Desliguei os alertas do Garmin e segui pro pórtico. Segundo a lista de cronometragem havia 21 mulheres e muitas delas eu já sabia que eram bem fortes. Larguei bem tranquila, lá atrás. Nossa meta era sermos conservadores porque a distância era longa!!

Nem apareço. Lá no fundão!


Aos poucos, fui alcançando alguns homens do solo masculino. Passei algumas mulheres do solo feminino, mas não sei quantas, afinal éramos poucas. Quando me dei conta, estava entre os homens e acabei entrando no ritmo deles. Joguei o conservadorismo no ralo e sentei a bota nas descidas, já que é uma coisa que eu gosto de fazer e um dos poucos momentos que consigo passar alguns deles! Claro que nas subidas eles me alcançavam, mas eu queria mesmo era aproveitar a força da gravidade!! rsrs

Esse trecho quase todo já era conhecido pra mim, já que fiz ali um treino de reconhecimento e também corri esse trecho em trio em 2015, então aproveitei pra ganhar tempo. Além disso, na empolgação pra não pecar na alimentação, fiquei bem atenta ao tempo em exercício e fui dosando a alimentação. Quando me dei conta, já estava chegando no PC1 com 2h11 de prova em quase 15km, muito abaixo do previsto. Achei incrível!! Ouvir gritarem meu nome e encontrar amigos foi sensacional!!


Peguei só um copo de água e continuei correndo, tava inteirona e muito feliz!! Segui o percurso das estradinhas do condomínio até sair na estrada de acesso da Caçandoca para a rodovia. Neste trecho corremos na mesma estrada que passam os carros. Ali também ouvi gritarem meu nome, tiraram fotos minhas e desci bem soltinha até a temida travessia do Rio Maranduba.


Algumas pessoas foram direto pra travessia “a pé” (praticamente a nado porque a maré estava alta), mas eu achei desnecessário ficar ensopada por mais quase 30km, perguntei ao staff quantas pessoas o barco levava, quando ele disse “10 pessoas”, olhei em volta, contei rapidamente quantas pessoas havia e não tive dúvidas, o barco já estava encostando e em menos de 5 minutos já estava do outro lado do rio, incluindo o tempo de espera também!! Ao mesmo tempo, lá se foi a minha chance de fazer um xixizinho, porque já tava ficando apertada!! Rs

Cheguei no PC2 inteirássa ainda, joguei água na Pri (Ass.Carlos Mello) que tava distraída e nem me viu!!

Depois disso ela deu uma corridinha e me filmou!! Demais!!
PS: Eu acho que a Pri tava quase chorando! Só acho! rsrs




Uhuu!!!
Maranduba é praia de areia dura, tava correndo soltinha, foi bem tranquilo. Na sequência começou um trecho de areia fofa onde eu acabava correndo próximo à água, e aí as pernas já começaram a apresentar algum cansaço. Cheguei ao PC3 na maciota e peguei mais um copo de água, dessa vez parei, tomei, joguei o copo no lixo e então segui sentido à próxima trilha.



Bem lentamente!! rsrs
O staff me orientou a seguir ‘reto porque para a esquerda tem pedra’. Mirei no começo da trilha e fui, topei com uma pedra do tamanho de um urso deitado, bati o joelho esquerdo e quase entro até o pescoço na água! Senti uma semi câimbra na perna mas logo passou. Neste comecinho de trilha havia bastante raízes e galhos caídos e, apesar de ser mais plano, não consegui desenvolver muito.

Antes da pedra me encontrar!

Em seguida veio uma piramba considerável! Havia uma moça sentada no cantinho da trilha e um rapaz em pé ao lado dela, já cheguei perguntando se tava tudo bem, se era pressão baixa e o rapaz logo disse que sim, já saquei a metade do pacotinho de sal que havia consumido e dei na mão dela que queria colocar primeiro na mão pra depois jogar na língua, já falei que não precisava de nojinho e era pra jogar direto do pacotinho na língua e como ainda sobrou um pouco, guardei. Dei um saquinho com um mix de amêndoas salgadas, amendoins e uvas passa, disse "Pode ficar com esse que eu tenho mais dois aqui" a moça mal conseguiu dizer uma palavra, só meneou a cabeça que sim, o rapaz agradeceu e segui em frente.

Abro um parêntese aqui pra dizer que ao invés de julgar a pessoa que tá ali passando mal, eu faço questão de ajudar com o que posso, porque muitas vezes a pessoa faz inscrição pra uma prova e não faz ideia do que vai encontrar ou como vai se sentir durante o percurso. Vai no embalo da equipe e acaba não levando o necessário pra chegar bem até o final.

Antes de terminar a trilha eu estava preocupada, pois minha água estava acabando e eu não queria perder tempo abastecendo. Ao mesmo tempo, eu sabia que a estrada de asfalto seria no próximo trecho e sem água eu não daria conta.

Chegando no PC4 encontrei a Pri, a Ju e a Hevelyn (Upfit) que caíram como anjos no meu caminho! Enquanto eu abria o reservatório de água cada uma já tava com um copo aberto e foi só jogar dentro e fechar! Muito rápido!! Comi a banana mais delícia da vida, a Pri tirou uma selfie nossa e segui adiante! A Cris tava ali de papparazzi e eu nem a vi!!

Cada uma com um copo na mão!
Bochechas cheias de banana
Selfie com a Pri e metadinha da Ju ali atrás!
Nesse trecho eu trotava no plano e nas descidas e caminhava nas subidas. Pelo menos era asfalto e não iria me enroscar em galhos, pois as pernas já estavam cansadas e a chance seria grande! Rs

Lá pro km 39 acabou o trecho de asfalto e entrei na praia que eu sabia que era a praia do final, sabia que era de areia dura, e, pelo Garmin, faltavam ainda 3km. Olhei lá na frente pra localizar o pórtico. Tava tão distante que não consegui localizar, somente o aglomerado de pessoas lá no infinito!! Rsrs. Encaixei um trotinho bem lento justamente porque não queria andar em nenhum momento.

O trecho era fácil e faltava pouco. Espiei meu pace e tava uns 7’20”. Achei melhor continuar assim do que caminhar. Procurei não ficar olhando lá pro final, somente alguns metros à frente pra não perder o foco e nem desanimar. Eu não fazia ideia em que colocação estava, mas no fundo no fundo eu não queria que nenhuma atleta solo me alcançasse logo ali, no final, depois de manter a posição por tanto tempo!

Faltando uns 500m da chegada eu não sabia se sorria ou se chorava! Eu tava quase terminando, sabia que o Gabriel já tinha chegado, sabia que minha irmã Karol também estava lá porque eu perguntei pra Pri no PC anterior. Eu sorria por dentro e não fazia ideia da expressão que meu rosto fazia!! Hahaha

O pessoal da Assessoria Carlos Mello já me incentivava e eu nem sabia pra quem olhar, até ver minha caçulinha e meus olhos se encherem de lágrimas, ela veio correndo junto comigo choramingando também. O Gabriel estava logo à frente e também correu comigo até a chegada (relato dele aqui).

Sorrindo por dentro e sem saber a expressão por fora! rs
Inception! rs

Cruzei o pórtico e levantei os braços de alegria, de felicidade e alívio e consegui ouvir a locutora dizer que eu cheguei em 2º lugar GERAL das atletas solo feminino!!! Cheguei com tempo líquido de 6h15. A previsão era de mais de 7h!! Pensa numa alegria?? Devo confessar que até agora parece que não me caiu a ficha!!

Cheguei!!!
Acabou!! Sou maratonista!! Sou 2º lugar Geral!!
Estar no pódio ao lado de mulheres fortíssimas me deixou muito orgulhosa, me fez crer que, assim como o Gabriel me disse, sou muito mais forte do que imagino, do que acredito ser.

WOHOOOO!!!
ALOHA!!
Depois foi só alegria, fotos com amigos e a turma da casa.

Foto tradicional desde 2011!! rsrs
Galera da casa da Cris Sbruzzi (fofa!)
Cris gentilmente nos acolheu na sua casa
e ainda cobriu uma atleta que não pode comparecer
Se tem alguém que eu tenho que agradecer é ao Gabriel, meu companheiro, parceiro, namorido e "treinador", que tem paciência de aguentar meu mau humor em alguns treinos, aguenta eu xingar porque ele me deixa pra trás e xingar quando ele fica voltando pra me buscar, que me dá dia off porque to com dor, que me diz pra correr os 5km mais rápidos da vida, que me diz pra fazer 10km no pace da felicidade e que me dá off até no dia que queria sair pra correr!!



3 comentários:

Carol Fonseca disse...

Que relato incrível!!!
Corri com você em cada linha. Muito bacana!!!
Parabéns Cris!!! Foi emocionante!!!
Essa corrida é realmente fantástica!!! \o/

Bjão e adorei conhecer vocês!!!

Cris disse...

Obrigada, Carol!!
Fico feliz que vc tenha gostado!! :)
Se correu comigo cada linha, significa que o objetivo do relato foi alcançado!! rsrs
Corrida fantástica mesmo, daquela que dá vontade de voltar em todas as edições!
Foi um prazer desvirtualizar nossa amizade!!

Beijos e até a próxima!

Unknown disse...

Crisss..

Ta incrível seu relato!!

Ja tinha lido e hj li novamente

Muito orgulho .. qdo crescer quero ser igual a vc..hehe

Bjs