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sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Celebrando a amizade - São Bento do Sapucaí

Com a Etapa São Bento do Sapucaí da Copa Paulista de Corridas de Montanha, encerrei meu ciclo de competições de 2013.

Nesse quase um ano correndo fora do asfalto aprendi e vivenciei muito mais experiências do que sequer imaginava. Subi ao pódio pela primeira vez,  comecei a treinar com uma verdadeira família (e, desde então, meu rendimento só melhorou!), fiquei manquitola por algumas etapas graças a uma síndrome do trato iliotibial, me afastei um pouco das corridas por um mês (apenas fisicamente, pois a cabeça estava sempre nas trilhas), experimentei correr uma prova inteira ao lado da minha companheira de aventuras, percebi que ela era mesmo uma companheira para todos os momentos e decidi oficializar nossa relação, e fiz amigos. Muitos amigos.

De todas as conquistas e experiências 'esportivas' desse ano, posso afirmar com toda a franqueza que o melhor prêmio foi a expansão de meu círculo de amizades. Foi a constatação de que eu posso ser louco e fanático por corridas, posso ser "mono-assunto", mas eu não estou sozinho nessa!

Não repare no tamanho dos pratos rs

E justamente por isso foi tão importante para mim a conquista do 3º lugar no ranking da Copa Paulista na faixa etária 25-29 anos, pois eu queria subir ao pódio com meus amigos. Dividir a experiência com quem se importa com você e torce por você tem outro valor, outro sabor.
Subindo juntos e com o pé direito!
E pensar que no começo do campeonato a gente se xingava em pensamentos! hahahaha

O troféu é bonito, claro, mas o que ele simboliza no íntimo de cada um é o que realmente importa. A celebração não é pela posição no ranking (que é algo passageiro e não significa - por si só - nada). O valor do troféu está em saber que os objetivos que foram traçados lá atrás foram devidamente atingidos; está em saber que você melhorou não só como atleta, mas como pessoa; está em saber que, apesar de uma série de variáveis, você se superou e foi buscar o que queria; está em saber que existem pessoas com quem você pode contar (ok, chega, isso aqui não é cerimônia de entrega do Oscar! rs).
A Cris também garantiu o dela!

Por tudo isso, digo que a melhor parte da Copa Paulista, para mim, foi a cerimônia de encerramento com o jantar no restaurante Sabor da Serra.



Que oportunidade excelente para confraternizar com as pessoas que dividiram conosco as trilhas, os sofrimentos, as alegrias, os perrengues - e dessa vez vestido de gente grande, com roupas e tênis limpos, rs!

Grande ocasião também para ouvir histórias e casos de pessoas mais experientes, de traçar planos para o futuro e de enfiar o pé na jaca! hahaha

Conversar com a Tomiko, ouvir suas histórias e suas dicas... uma honra!

Apesar das dores, preferi deixar pra começar a tomar os remédios prescritos pelo ortopedista após o jantar, porque naquela noite eu queria mesmo era comemorar o término desse ciclo!

A todos os envolvidos, muito obrigado por tudo (pelo apoio, pelo incentivo, pela palavra amiga, pela alegria, pela foto, por testemunhar momentos importantes para mim, pela torcida, pela preocupação... enfim, muito obrigado!).

Acho que a gente se empolgou nesse papo de comemorar... literalmente fechamos as portas do restaurante, sabe-se lá que horas da madrugada! 

Ano que vem tem mais!

A gente se tromba nas trilhas! ;-)


terça-feira, 26 de novembro de 2013

Relato: Apoteose na Sapucaí - Corridas de Montanha São Bento do Sapucaí

Apoteose? Sapucaí?


Palma, palma, não priemos cânico! 
Apesar de o texto conter as palavras "apoteose", "Sapucaí" e de eu ter sapateado mais que mestre-sala na lama, não estou aqui pra falar de samba!
Apoteose, em uma de suas definições, corresponde ao ponto final de uma cena que decorre de maneira espetacular... algo um pouco mais dramático, inesperado e espetacular que o final de uma novela mexicana. Explicado o título, voltemos à nossa programação normal:

Cenário
São Bento do Sapucaí, ensopada e imersa nas brumas! A neblina era tanta, que parecia que estávamos no filme "Os Outros". Em alguns momentos, não era possível ver o corredor que estava 10 metros à nossa frente! Além da chuva que caiu em SP ao longo da semana, choveu praticamente o final de semana inteiro em São Bento. Resumindo o cenário: lama, muita lama, bastante lama mesmo, neblina e mais um pouquinho de lama.



Lama.
Enredo
Como vocês devem se lembrar, há algum tempo venho sofrendo de canelite (que, talvez nem seja canelite... vamos aguardar os resultados dos exames). Para me recuperar, resolvi ficar um tempinho sem correr e, desde a Etapa Serra da Cantareira, não corri nem atrás de ônibus, por medo de me machucar ainda mais... Deixei inclusive de correr uma prova para a qual havia feito inscrição.
Maaaasss, São Bento do Sapucaí era a última etapa da Copa Paulista de Corridas de Montanha, e eu queria fazer bonito na pontuação para o Ranking anual. 
Na verdade, a pontuação no ranking nunca foi uma pretensão minha. Tanto foi assim, que nas primeiras etapas eu perdia bastante tempo "panguando" e apreciando a paisagem...rsrs... Acontece que ao longo das provas, criamos um círculo de amizades que contava com 2 pessoas da minha categoria (Gustavo e Willian). E seria muito bacana se conseguíssemos encerrar o ano os três juntos no pódio!
Só que essa missão não seria tão simples. Na pontuação para o ranking, feito o descarte de provas e a matemática toda do regulamento, descobri que se eu quisesse subir ao pódio com meus amigos na premiação do Ranking anual na faixa etária 25-29 anos, teria que concluir essa prova no mínimo 2 min à frente de determinado corredor.
Não bastasse a complexidade da prova, eu teria de lidar com o fato de que havia praticamente um mês que eu não corria (zero condicionamento!) e com minhas dores (além da preocupação com as consequências de correr machucado e agravar a lesão). Some a isso o fator psicológico de ter de correr dependendo não apenas do meu resultado, mas também do resultado do meu concorrente, e você terá uma ideia da bucha que me aguardava.

Na semana da prova fui a um ortopedista que disse existir suspeita de fratura por estresse na tíbia. Tremendo balde de água fria, não? Após essa consulta, ficava oscilando entre correr a prova mesmo assim ou deixar pra lá... 
Quando publicaram a lista de inscritos para a prova, na véspera do evento, corri pra ver se minha nêmesis constava da relação (rs) e fiquei feliz ao constatar que aquele nome não estava na lista, pois assim eu poderia deixar de correr e ainda assim garantir a 'premiação'.

Por via das dúvidas, no sábado à tarde me dirigi até o local da prova devidamente trajado e preparado para correr, afinal, imprevistos acontecem. Eis que, a 2 minutos da largada o Willian grita meu nome e faz um aceno de cabeça na direção do murinho lateral, na concentração para a largada. É... não ia ter jeito, o cara estava lá, e eu teria de correr. Mal deu tempo de digerir a ideia e soou a buzina!
Coração na boca e lá fomos nós!
Fóóóóóóóómmmmm (buzina)

Nos primeiros 300m, em paralelepípedo e bloquete, cada passo era uma pequena punhalada nas pernas... tentei acompanhar o grupinho (15/20 pessoas) que estava liderando, mas fiquei com medo de a dor piorar a ponto de eu não conseguir mais correr. Por sorte, logo em seguida começou A subida. Sim, com "a" maiúsculo. Foram aproximadamente 5km subindo sem parar, escorregando muito, andando muito, ofegando muito e vendo pouco, já que a chuva e a neblina diminuíam a visibilidade.
Como eu não sentia dor para andar, engatei a reduzida e avancei aos trancos e barrancos, sem parar pra respirar. Quando surgia um espacinho onde dava pra encaixar 3 ou 4 passos mais rápidos, eu trotava. Tentei ganhar o máximo de terreno possível durante a subida, pois sabia que na descida eu não teria condições de correr forte. Não ousei olhar para trás nenhuma vez.


Caminhe que o mundo é grande... (o tênis, ainda limpo)

Finda a aparentemente infindável subida, seguiu-se um curto e igualmente escorregadio single track e continuei forçando além do que costumo fazer e muito além do que minhas canelas gostariam. Eu tinha certeza que, chegando a descida, qualquer diferença que eu tivesse aberto durante a subida seria prontamente diminuída.

Mais neblina, uma porteira de fazenda, um pequeno atoleiro e... uma estranha sensação de vácuo. 'Silêncio ensurdecedor', visibilidade de não mais que 5m. O corredor que eu estava usando como ponto de referência simplesmente sumiu do meu campo de visão. 
E assim deu-se início a um tobogã de lama e esterco que nos levaria até os 500m finais da prova. Isso mesmo, praticamente 6km esquiando, sambando, sapateando ou qualquer outra coisa que não correndo, ladeira abaixo. 


Essa era a parte "seca" da prova

Mais ou menos nessa altura, cruzamos caminho com o pessoal do percurso curto. Festival de tombos! Uns caíam de frente, outros de lado, outros caíam sentados, e segue o jogo! rs



Consegui me segurar em pé o tempo todo, mas haja propriocepção, viu!




Novamente, tive sorte. Se a ladeira não estivesse tão escorregadia e lamacenta, a descida seria muito rápida e o impacto seria além do que eu poderia suportar.

Tá acabando!

Quilômetro final, terreno plano e pavimentado, era hora de dar o sangue, partir pro tudo ou nada, aumentar o ritmo. Acontece que eu já estava dando o sangue desde a largada. Quando a buzina soou, eu já havia partido para o tudo ou nada. E com um mês sem treinar, meu corpo (cardiorrespiratório, pernas, lombar, ombros) estava sofrendo muito para me levar onde minha cabeça queria. Tentei dar um tiro e não consegui manter o ritmo nem por 100m.
Coloquei na minha cabeça que eu estava sendo caçado e que, se eu tinha me forçado até ali, não podia jogar todo aquele esforço no lixo justo no finalzinho da prova. Comecei a encaixar uns 10 passos de "bonito" (correndo com técnica e mantendo a postura, como me ensinaram na JVM) com 5 passos de zigue-zague-acho-que-esse-cara-vai-desmaiar (como aprendi sozinho naquela hora) e assim segui até a linha de chegada, onde fui recepcionado pela staff mais simpática do mundo, com o copo d'água mais gostoso que me lembro de ter tomado!

Reencenando minha chegada, para a Lígia poder fotografar! rs

A minha parte estava feita. Agora era só esperar o cronômetro girar mais longos 120 segundos para saber se aquele lugar no ranking seria ou não meu no final do dia.
30s, e nada... 60s, não, não é ele... 90s... ufa, achei que era o cara... 120s, é isso mesmo, já deu o tempo? Vou continuar aqui... 180s... nada ainda, mas vamos esperar mais um pouco... 240s... ok acho que agora posso comemorar! \o/
Outra alegria eu senti quando meus parceiros Willian e Gustavo cruzaram a linha de chegada, quase juntos! Comemoramos bastante o término do campeonato! Nossas pernas estavam pedindo descanso há muito tempo! rs

Acabooooouuuuuuuu!!!!!!!!

Só faltava aguardar a Cris chegar sã e salva e tudo estaria certo! 

Uns 50min depois e lá estava ela, toda sorridente!
Depois disso, era só cada um se limpar como era possível (deixar a chuva fazer o serviço, usar uma mangueira ou se lavar nas poças d'água), aguardar a premiação da prova e partir pro restaurante Sabor da Serra para a cerimônia de encerramento da Copa Paulista e a premiação do ranking - muito boa, por sinal, mas isso fica pra outro post. ;-)



Evolução: 5km de subida extremamente íngreme e totalmente escorregadia, com ganho de elevação de 800m (!!!) +/- 1km de plano e/ou leve declive, +/- 500m de subida leve e 6km de descida esquiando na lama. 
Percurso  (sem altimetria) de  São Bento do Sapucaí

Que prova dura!! Só para servir de parâmetro, com mais de 3h de prova, ainda era possível ver corredores chegando (inclusive do percurso curto!!!). Não consigo nem imaginar como foi para os guerreiros do endurance, que encararam 50km naquelas condições! Sem contar quem correu os 50km e, não contente, ainda participou dos 13km/9km!
Creio que foi a prova mais dura que já corri. E com certeza a prova em que mais me superei. 
Nos primeiros 6km, fiz uma média de 10min/km! Pura caminhada!
Apesar de todas as recomendações serem no sentido de poupar energia no começo para descontar no final, tive de me adaptar à situação e às minhas características mais fortes e forçar do começo ao fim. Se não tivesse feito isso, não teria conseguido o 23º geral/ 2º na faixa etária/ 3º no ranking!


Deixar de comparecer à premiação NÃO agrega valor ao espírito esportivo. rs

terça-feira, 12 de novembro de 2013

D N S - Mountain Do Campos do Jordão

Neste sábado (09.11.13) foi disputado o Mountain Do de Campos do Jordão, com distâncias para todos os gostos (4km, 9km, 18km).

A Cris, eu e mais váááários amigos estávamos inscritos para correr os 9km, enquanto outros amigos da JVM iriam correr os 18km. Ao todo, a JVM levou 40 atletas para Campos do Jordão. A festa era garantida... não fosse a minha inseparável dor nas pernas.

Faz praticamente dois meses que venho me queixando de dores na região das tíbias - a famosa canelite - e ao invés de pegar leve, continuo me inscrevendo em tudo quanto é prova... isso, por óbvio, em nada tem ajudado a minha recuperação.

Depois da prova que disputei em Mairiporã não corri mais. Fiquei só no gelo, pomada e fortalecimento... e mesmo assim a dor não me abandona.

A Cris me disse que se fosse para eu correr o Mountain Do, a gente deveria repetir o que fizemos em Monteiro Lobato (eu estava voltando de lesão e corremos a prova inteira lado a lado, para que eu não me empolgasse e saísse desembestado pelas trilhas, certamente prejudicando minhas pernas). Mas na véspera da prova eu percebi que o melhor mesmo para a minha saúde seria não correr.

Decisão dolorida e difícil de se tomar... Mas acredito que foi a melhor decisão que eu poderia ter tomado.
Com saúde não se brinca e temos apenas um corpo. De nada adianta querer correr todas as provas do calendário desse ano e arriscar não poder correr nos próximos meses - ainda mais quando tenho grandes planos para a próxima temporada.

Afinal, o que é melhor? Correr um ano a 4min/km ou a vida inteira a 6min/km? Correr mal e com dor 20 provas num intervalo de 9 meses ou correr apenas 6 provas, mas muito bem corridas? A resposta parece óbvia, mas colocar em prática não é tão fácil.

Resumindo, o final de semana foi assim: ponderei bastante e concluí que a atitude mais madura e saudável era escrever um DNS (Did Not Start) ao lado do meu nome na lista de inscritos para a prova e tentar não parecer tão azedo e frustrado por não poder correr.


(...)

Pra não dizer que minha viagem foi perdida, fiquei na reta final desde a largada até o último atleta da JVM cruzar o pórtico, fotografando a alegria de cada um deles ao concluir seu percurso.

Sobre a prova em si, vamos ver se a Cris nos presenteia com um relato mais tarde! rs


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Update: depois de publicar o post, lembrei-me desse excelente texto de um parceiro de assessoria e não tive como não o relacionar com o processo mental que culminou em minha decisão de não correr a prova: http://www.papodeesteira.com.br/blogs/queimando-a-sola/onde-voce-vai-estar-daqui-a-20-anos/

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Guia SeElaCorreEuCorro de Sobrevivência em Trail Running

Considerando a quantidade de gente experimentando correr fora do asfalto nos últimos tempos, e pensando também nos meus amigos que pretendem debutar nesse campo nos próximos meses, pensei em escrever aqui algumas dicas e observações para evitar que eles cometam alguns equívocos ou deixem de aproveitar tudo o que a corrida em meio à natureza tem a oferecer.

Encarem isso como um bate papo despretensioso, afinal, quem sou para querer ditar regras e verdades absolutas, ou dar dicas de expert? Sou um amador, como vocês.

Então, aí estão algumas convenções sociais e regras de convivência que tenho observado ao longo desses anos correndo em trilhas e montanhas:


Trail Running for Dummies - e uma referência para nós rs
- Sempre que possível, utilize calçado adequado para a prática de corrida fora do asfalto, pelos motivos que elenquei em um texto anterior (resumo: proteção e tração);

- Dê passagem. É muito comum encontrar pessoas que acabaram de sair do asfalto (onde você corre sozinho apesar de cercado por milhares de pessoas) e ainda não perceberam que no meio da trilha não é a filosofia do cada um por si que reina, mas a solidariedade. O espaço é curto e há obstáculos por todos os lados, se a pessoa que vem atrás de você tem um rendimento melhor, abra um espaço quando conseguir e deixe-a passar. Não vai ser essa pausa de 1,2s que vai mudar seu tempo final.
Não seja um "empata-fila"! Surgindo uma oportunidade, dê passagem!
Ainda no assunto do "dê passagem", evite utilizar fones de ouvido, ou, caso uma musiquinha seja essencial pra você na corrida, tente utilizar em um só ouvido e em volume baixo. Você deve ser capaz de ouvir os passos de outro corredor vindo atrás de você na trilha (pense na trilha como um corredor de motoboys entre os carros, mas ao invés de buzinar e chutar seu retrovisor, o corredor que vem atrás vai fazer barulho no mato, depois vai começar a pisar duro, tossir, fungar no seu cangote e eventualmente gritar "pista! prestenção ôh"). Além disso, é importante ficar esperto nos avisos de quem está à sua frente (cuidado com o buraco aqui! olha a pedra solta! se liga no cipó! ONÇAAAAAA!!!!). Enfim, a música alta vai tirar sua atenção de detalhes importantes e pode prejudicar você e os demais.

Não. 
- (Update Julho 2017). Ainda no assunto "música", com a popularização das caixinhas de som com conexão por bluetooth surgiu a necessidade de editar esse texto para incluir o seguinte conselho: não seja o DJ Trilheiro! Tirando você, o dollynho, e mais um ou outro amigo seu, 99,97% da turma que está na trilha não quer ouvir as suas músicas. De fato, a grande maioria está no mato justamente para curtir a paz, o silêncio e os sons da natureza. Não obrigue os demais a ouvirem Raça Negra, MC Quaquécoisa ou Slayer só porque esse é o tipo de música que você mais gosta.

Tuts-tuts-tu-tu-tuts

Não seja essa pessoa
- Pode conversar. Depois de correr 40 minutos sem encontrar viva alma no caminho, quando você finalmente encontra alguém e essa pessoa corre num ritmo parecido com o seu, troque uma ideia! (rs) Vale qualquer coisa, até mesmo aqueles assuntos de elevador (quente, hein? daqui a pouco chove... você também correu aquela prova x?). Além de ajudar a distrair a mente enquanto encara aquele paredão interminável, você ainda pode fazer novas amizades! Win-win situation! rs
Conversando um pouco pra esquecer a dor no joelho

- Solidariedade. Sempre. Seja cedendo a passagem, seja ajudando alguém a pular uma vala ou escalar uma pedra, seja perguntando se a pessoa está bem, ou oferecendo água/gel pra alguém que está passando mal, dando apoio para alguém que acabou de se estabacar à sua frente... acredite, quando você estiver exausto, no meio do mato, uma palavra amiga e um gesto de solidariedade valem ouro.

- Não deixe vestígios. Você não está correndo ali no meio do mato porque acha bela e imponente a natureza? Então deixe-a como você a encontrou. Eu fico f#dido quando vejo gente jogando a embalagem do gel pelo caminho (e tem gente que guarda o sachê, mas joga a "tampinha" na trilha). P#%r@! O que é que custa deixar essa embalagem no bolso da sua roupa, criatura? Ocupa espaço? Qual é, né, um pouco de tato, galera!

- Não tenha medo de se sujar ou molhar o pé. Se está com nojinho, nem vá! (rs) Admita desde o começo que todo e qualquer perrengue que surja no caminho faz parte da experiência e será mais uma história pra contar para os amigos mais tarde. Claro que existem casos e casos mas, de uma forma geral, pise nas poças, salte sobre os troncos, esquie no esterco, rompa as teias de aranha com a cara e continue sentando a bota! Nada pior do que você estar na vula atrás de alguém no single track e a pessoa dar uma freada brusca para não molhar o pé numa nascente...restando ainda 1km de prova dentro de um rio!!! rsrs

Cris mostrando como se faz!
- Já que o assunto é onde colocar o pé, olhe por onde pisa (foco adiante)! A própria essência do trail running é correr em terreno irregular. Em 100m de percurso você pode passar por cascalho, erosões, asfalto esburacado, barro escorregadio e sei lá mais o quê. Então planeje antes onde seu pé vai pousar. Corra olhando alguns passos à frente e já vá calculando onde pisar. Isso pode evitar alguns tombos e torções.

- Importante pra quem acaba de sair do asfalto: deixe o pace sub-qualquer-coisa em casa. É o percurso que determina o seu ritmo, não o seu RP nos 10km no asfalto. Você VAI ter que parar pra andar em alguma parte do percurso, então ande sem culpa. No asfalto as pessoas podem te olhar torto se você parar pra caminhar por alguns segundos. No trail a regra é outra: corra quando conseguir, ande ou rasteje pelo resto do tempo! O importante é chegar ao destino! rs

(UPDATE Dez.2015) - depois de me perder algumas vezes, achei interessante voltar aqui no texto para dar esse aviso que é útil mesmo para os "macaco-véio" . Mantenha o olho nas marcações do percurso SEMPRE. Às vezes a gente se distrai apreciando a paisagem ou prestando atenção apenas nos competidores à nossa frente e, quando vai ver, lá está mais um garoto perdido! rs
Caso venha a se perder, sem stress! Volte os passos até encontrar uma marcação e então continue o caminho (não vai cair na burrada de seguir em frente e tentar adivinhar onde está a trilha!).

(UPDATE Dez.2015) - Sempre que possível, procure ser autossuficiente nas provas. Evite contar com a água e comida disponibilizadas pela organização. Imprevistos acontecem (às vezes com tanta frequência que deixam de ser imprevistos) e há uma grande chance de você encontrar um posto de apoio desabastecido. Além disso, ainda que o mapa do percurso diga que haverá um posto de apoio a cada 3km, você nunca sabe dizer quanto tempo levará para cobrir essa distância (dependendo do terreno e inclinação, 1km pode levar mais de 20 minutos para ser superado). O mesmo vale para treinos em locais remotos. Deixar de carregar água e comida pode colocar em risco não só você, mas todo o grupo (que terá de carregar seu corpo inerte trilha afora). Então carregue uma handheld, vista uma pochete ou coloque uma mochila e seja feliz!

"Já posso correr, Gabriel?"
(UPDATE Dez.2015) - Com base em excelentes sugestões deixadas nos comentários, volto aqui para deixar mais uma dica: estejam preparados e protegidos! Preparados para quê? Para tudo! rs
Eu sou suspeito para falar, já que sofro da Síndrome de Inspetor Bugiganga, mas é interessante contar com proteção contra o sol (boné/buff/protetor solar), proteção para os olhos (quantas vezes já não levei galhada na cara e fui salvo pelos óculos escuros!), para as mãos (luvas caem muito bem quando você precisa usar cordas para descer um barranco rapidamente e também protegem de galhos com espinhos), kit de primeiros socorros, e por aí vai. Cada tipo de prova/treino irá determinar o tipo de proteção mais urgente.


Exageros à parte, é melhor ter e não precisar usar do que precisar e não ter (tipo seguro de carro! rs) -  by The Oatmeal
- E aí entra a questão de estar preparado: ao escolher uma prova, procure se informar sobre as edições anteriores, veja o tempo de conclusão dos participantes daquela edição, leia relatos sobre aquela prova para ver quais pontos são os mais sensíveis e difíceis e avalie quais serão as medidas que você deverá tomar para superar essas dificuldades.

Tenha em mente que na imensa maioria das provas em trilha desistir não é uma opção. Você pode até desistir de competir, mas ainda assim será forçado a concluir a distância, já que não tem como chamar um táxi/uber ou pegar um busão do topo da montanha até a linha de chegada. Saber isso e estar preparado física e psicologicamente para essas situações é o que determina se você irá se divertir ou achar a experiência um porre.

- Acima de tudo, DIVIRTA-SE! Já que você está pagando voluntariamente por esse sofrimento saudável, o mínimo que você pode fazer é se divertir!

De cabeça, acho que as principais dicas são essas. Sinta-se à vontade para acrescentar novas regras e dicas nos comentários! Isso aqui é um bate papo!


A gente se tromba nas trilhas! ;-)