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segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Relato: 5º Desafio 28 Praias - Dupla Mista

Esse relato será excepcionalmente curto e rápido (para o meu padrão, claro), então apertem os cintos! rs

Apenas para contextualizar o quanto a gente gosta dessa prova vale mencionar que, das 5 edições ocorridas até agora, estivemos presentes em 4!

Já corremos em trio, solo e dessa vez corremos em dupla.

De início, mesmo gostando muito da prova, não tínhamos a intenção de correr a 5ª edição, já que ela iria ocorrer parcos 5 dias após o Desafio das Serras.

Mas a Karol decidiu que iria correr a 5ª edição na modalidade solo e, como homenagem por termos apresentado as corridas de montanha a ela (e especificamente a D28P, em 2014), resolveu nos presentear com uma inscrição na modalidade dupla mista.

Junto a esse vale inscrição veio uma cartinha bem emotiva! rs
Tem como negar um presente desses?! Não tem né.

Então juntamos os cacos pós Desafio das Serras e lá fomos nós pra Ubatuba para o 5º Desafio 28 Praias.

A nossa grande amiga Cris S. gentilmente nos cedeu o uso de sua casa em Maranduba, os kits já estavam retirados, então foi só comer uma pizza e deitar.

Acordamos cedo, entramos no carro e dirigimos poucos minutos até Tabatinga, para a largada.
Chegamos tão em cima da hora que nem deu tempo de tirarmos fotos juntos e já chamaram as meninas dos 42km para largar.

Cinco minutos depois foi a minha vez de largar. Nunca vi tantas duplas nessa prova!

Antes do Desafio das Serras eu imaginei que já estaria 100% recuperado no dia da 28 Praias e pensava em fazer os primeiros dois trechos "esturrando".

Maaaasssss, como vocês viram no relato anterior, o Desafio das Serras não foi o passeio no parque que eu imaginei que seria. O percurso eu sabia que seria casca, mas achava que pelo menos o ritmo seria leve... inocente!

Enfim, fazia um mês que eu não conseguia correr mais de 1x por semana, fazendo fisioterapia 3x por semana e ainda assim mancando para andar umas 4x por semana! rs

Logo, assim que tocou a buzina eu percebi que o plano de "esturrar" estava completamente descartado e o substituí pelo plano de chegar em Maranduba - onde passaria o bastão para a Cris - com o menor sofrimento possível.


Fotos capturadas pela Cris
Já na primeira subida, em estrada de terra, antes de completarmos 1km, percebi que algo não ia bem.

Minhas panturrilhas estavam completamente sem vida. Tive que parar para andar logo de cara. Pelo visto, o esforço feito no primeiro e, principalmente, no segundo dia do Desafio das Serras acabou com meu estoque de glicogênio! rsrs

Cara de "Houston, we have a problem"

Comecei a caminhar enquanto via várias pessoas passando por mim... chegando ao final da primeira subida, na hora de encaixar a passada para descer, comecei a sentir incômodo na área da tendinite.
Estava cedo demais para me sentir tão requenguela assim, mas não tinha o que fazer além de manter o ritmo o mais tranquilo possível.

É normal doer tudo antes do km2?
E assim segui, estrada de terra após estrada de terra, praia de areia fofa após praia de areia fofa e trilha após trilha.

No primeiro trechinho de trilha me deparei com uma fila da conga formada por vários corredores dos 42km turistando. Sentia vontade de ultrapassá-los, mas não me sentia seguro.


Brunão igualmente injuriado com a fila da conga
Depois de alguns minutos ali atrás, fiquei meio de saco na lua e ataquei pela beira da trilha, mas morrendo de medo de tropeçar e cair na frente deles ou mesmo de derrubar um deles.



Consegui passar um bom lote de corredores antes de pegar a primeira praia de areia fofa. Nesse trecho também passei pela Karol, e ela estava super bem - e mais adiantada no percurso do que eu imaginava!

Karol abrindo passagem - como poucos corredores souberam fazer
A seguir, enquanto corria pela areia entre a vegetação rasteira por trás da primeira praia, tive a certeza de que minhas pernas não eram mais as mesmas.


Sério. Olha essa cara de sofrência no km 5,5!


Tropecei no vazio e me estabaquei no chão, com minhas garrafas sendo arremessadas dos bolsos do colete de hidratação.

Recuperei as garrafas, tentei recuperar a dignidade e, com os joelhos sangrando, segui em frente.

A seguir ingressei propriamente no singletrack que eu tanto amo, mas não conseguia render. Eu via os obstáculos, mas minhas pernas simplesmente não respondiam instintivamente, como costumam fazer.

Isso significa que, basicamente, por mais 13km eu segui assim: "olha! ali tem uma pedra/raiz/toco! AI! Tropecei na pedra/raiz/toco..."




Foram uns 3 tombos, diversos tropeções e uma torção (bem de leve, ufa!). Comecei a ficar com medo de uma torção mais grave ou mesmo de um tombo mais forte, que pudesse ocasionar alguma fratura, pois meus reflexos estavam horríveis.

Eu, que tanto amo trilhas, estava rendido nelas. Nas subidas eu não tinha força para tracionar morro acima e nas descidas eu não tinha reflexo para levantar as pernas e superar os obstáculos.
Eu sabia que não estava divertido, mas também sabia que se eu não me convencesse de que eu estava gostando, o sofrimento seria maior. Então tentei botar um sorriso no rosto e cantarolar um pouco (só música ruim... tá louco!) pra mudar meu estado de humor.


Não vou mentir. Sofrer com uma vista dessas não é tão ruim.
Por volta do km 7 eu vi um tronco atravessado na trilha, fui passar por baixo dele e, novamente, fui traído pela falta de reflexo... enfiei a cabeça no tronco, senti uma bela dor, mas como não alterou visão nem equilíbrio apenas me xinguei por ser tapado e continuei no meu caminho.
Alguns metros adiante, senti o suor escorrendo mais rapidamente pela minha testa, fui passar a mão para secar o suor e, quando reparei, minha mão estava tingida de vermelho vivo.

 Na mesma hora retirei o buff que se encontrava no meu punho e enfaixei minha cabeça, no maior estilo Tia Anastácia, para tentar estancar o sangramento.

Se olhar com cuidado dá pra ver resquícios de sangue
na sobrancelha e no buff.
Procurei não pensar muito sobre isso, para não surtar... mas poucas centenas de metros adiante eu encontrei o Piero (estreando na maratona), ele olhou pra mim assustado e perguntou o que tinha acontecido. Aparentemente o sangue ainda estava visível! rs




Segui trotando esquisitamente até o término da trilha e desemboquei na praia de Caçandoca. Ao invés de descer da pedra à praia no estilo G. I. Joe, fazendo rappel, desci como um pinguim! rsrs

(Crédito: Paulo Barbosa Santos)
Parei no PC 1 para tomar um copo d'água e depois segui em frente.

No segundo trecho a falta de alegria nas pernas continuava, mas pelo menos o terreno era "liso", então a chance de eu tropeçar e cair outra vez era praticamente zero.

Segui caminhando e trotando pela estradinha e então cheguei à área de travessia do Rio Maranduba. Considerando meu estado, cogitei ir de barco. Mas ao me aproximar do barco o staff disse que iriam adicionar 10min no meu tempo final se eu pegasse o barco, então preferi atravessar andando/nadando mesmo.

Bom, olhando nos resultados online, acredito que não adicionaram tempo nenhum para quem pegou o barco. Sacanagem, né? Se estava no regulamento e foi confirmado pelo staff, deveria ter sido cumprido.

Enfim, entrei no mar, dei 4 passos e tchibum! Chutei uma pedra e caí como um martelo sem cabo na água, acertando uma joelhada na pedra e ralando um bom pedaço da perna. De resto, a travessia foi bem tranquila, já que a maré estava mais baixa do que em abril. Em três minutos eu já estava saindo da água com destino ao PC 2, Maranduba, onde cheguei com o tempo de 2h35xx... mais de 10 minutos mais lento do que o tempo que fiz quando corri essa prova na modalidade solo!

A oferenda saindo do mar?! kkkk
Entreguei o bastão para a Cris, passei a câmera para ela, dei um selinho e lá foi ela para os 21km finais.

A Cris se recuperou melhor do que eu do Desafio das Serras e conseguiu correr tranquilinha os trechos que lhe cabiam, chegando à Praia Dura em 2h20xx, fechando o tempo da nossa dupla em 4h56 e uns quebrados, colocando a gente em 7º lugar entre as 35 duplas mistas! Orgulho dessa menina! rs

Por falar em orgulho, a Karol também mandou super bem na sua estreia oficial nas maratonas, conquistando o 9º lugar geral e primeiro lugar na categoria!


 A partir de agora, segue o relato da Cris:

"Passada a ansiedade da espera, peguei o bastão, entreguei a chave do carro, e parti pra segunda metade da prova.

Na minha cabeça a praia de Maranduba, até o PC3 era inteira de areia dura, mas na metade eis que dou de cara com a areia fofa! Pelo menos a entrada pra trilha do trecho 4 era só cruzar um filete de água, bem mais fácil do que em abril, quando dei um abraço numa pedra submersa e me molhei até o peito!



A trilha foi muito mais tranquila do que imaginava, até porque com as pernas 'frescas' nem toda subida parecia tão medonha e as descidas estavam do jeito que eu gosto!



Passei por alguns atletas do solo masculino, um passando mal, outro sem comida, tentei ajudar do jeito que pude oferecendo alguma coisa, até porque sempre levo coisas a mais e que não me fizeram falta!

Pude visualizar melhor toda essa segunda metade, já que em abril, por cansaço, eu só olhava pro chão! rs
Tava me sentindo tão bem que nem as praias de areia fofa me deixaram de bode!

Enfim pude correr as descidas técnicas que não consegui no Desafio das Serras e até um rapaz que estava logo atrás gritou "nossa, moça, você gosta de trilha, né!"

Chegando no último trecho de asfalto, segui o lema do Gabriel e trotei em todo lugar que conseguia e mesmo por alguns passos. Subia andando forte os trechos mais íngremes e nas descidas ia na banguela! rs






Ao chegar na praia Dura, avistei o pórtico lá longe, mas sabia que não dava nem 2km pra terminar a prova.
Cheguei feliz por ter concluído bem e num tempo menor do que o esperado sobrando até pra um pulinho na linha de chegada!!

Depois foi só esperar a minha caçulinha monstrinho terminar a sua primeira maratona oficial! Só felicidade!!"

_______

Resumo: se você não tiver a recuperação muscular de um Wolverine, evite acumular provas em finais de semana seguidos. As pernas ficam pesadas e lentas, os reflexos ficam horríveis e a chance de você se machucar sobe bastante! Não sou o Dollynho, mas fica a dica, amiguinho! rsrs

Por fim, uma comparação de como eu estava me sentindo e como a Cris se sentiu:


Em tempo, o vídeo não estava em câmera lenta... só eu que estava (Vídeos da Soninha!)

E a Cris sambando na cara da sociedade! rsrs

3 comentários:

Carolina Belo disse...

Parabéns pela prova, Cristiane e Gabriel.
Eu preciso confessar que ri em alguns momentos do relato de Gabriel. Tudo bem que foram partes sofridas, mas mesmo assim, a forma como você escreveu foi muito divertida. Eu só tive uma dúvida... Tenho até medo de perguntar, mas vamos lá... O que seria uma "fila da conga"?

Mais uma vez parabéns e descansem para o próximo desafio!
Abraços
Carolina
Blog Viajar correndo

Gabriel C. disse...

Haha... tem relatos mais engraçados, Carol. Esse foi mais mimizento mesmo! Haha
Fila da conga é tipo isso: https://www.google.com.br/search?q=conga+line&rlz=1Y3JHSK_enBR645BR646&prmd=visn&tbm=isch&tbo=u&source=univ&fir=Skq2DVyJFpK3XM%253A%252CfsF44c3l5dUvEM%252C_%253BhaMb_s9eNvtm-M%253A%252CWblNBzwpVhp_jM%252C_%253B6vk0mywtcZmC1M%253A%252COP6Yz13b-L0EVM%252C_%253BjujWP7ShNOPZlM%253A%252CCl3lxBKyJ73blM%252C_%253Bk2UpLHOT4hwqxM%253A%252CQ2DEYRyNwQRbiM%252C_%253Bj43G3wjOHCdcuM%253A%252CVfXO4-ov2UqpcM%252C_%253Blyk3_WMDh2dFsM%253A%252CW2NDt19aDxFJnM%252C_%253Bkt_9lkyUhQen2M%253A%252CFgi0JuYEYLYlnM%252C_%253B31az-7SAPGTlSM%253A%252CVfXO4-ov2UqpcM%252C_%253BVgez_rKqY601_M%253A%252CVfXO4-ov2UqpcM%252C_&usg=__tFFpdGGyFc51sY3f10yJTUffBg0%3D&sa=X&ved=0ahUKEwiZttPjupzPAhUFFJAKHSAYCNcQsAQIJA&biw=360&bih=615

É quando forma aquela fila gigante de corredores com medo de correr no singletrack e a corrida vira quase um picnic! rs
Valeu pela visita! Agora é descansar mesmo que em 20 dias tem mais! (E parabéns pela P4uer!)

Carolina Belo disse...

Ha ha ha ha ha, era sóóóó issooooo. Eu nem imaginei que seria por causa daquela música. A primeira coisa que veio à minha cabeça (e que ficou) foi relacionada à Conga do circo (que tinha uma mulher que se transformava em macaco). Para você ver como são as representações das pessoas, né? Ha ha ha. E aí fiquei imaginando o que isso teria a ver com a corrida... Ri muito alto quando vi a explicação... Enfim, doida total...
Bom descanso!!!
Carolina

Blog Viajar correndo