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terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Relato: Desafio Mutukas de Revezamento

Quem nos acompanha sabe que há tempos estamos numa luta interna para encontrar motivação para voltar a treinar de verdade. Ficamos mais da metade de 2019 parados e, desde que voltamos a correr, em outubro do ano passado, estamos com sérias dificuldades para retomar o ritmo e a disciplina de treino - o que é bastante ruim para quem treina por conta própria.

Bom, pode ser que eu esteja me precipitando aqui, mas me parece que esse ciclo de bode finalmente se encerrou! E o responsável por isso foi o Desafio Mutukas de Revezamento, realizado em Campos do Jordão no último domingo.

Não que a gente não tenha feito outras provas legais desde que voltamos a correr (muito pelo contrário!) mas o que acontecia era que a gente participava da prova, sofria um bocado, achava fantástico estar de volta no ambiente que a gente tanto ama, mas no fim das contas nada mudava internamente. A chama continuava fraca, a vontade de treinar também e a vontade de participar de outras provas como atleta era quase zero.

Aí veio o Desafio e, tcharan!, de repente viramos a chavinha mental!



Não saberia pontuar exatamente o que despertou essa mudança. Só sei dizer que saímos de lá animados, com vontade de voltar a treinar de verdade e com vontade de voltar a participar de provas, e é isso o que importa!


Sobre a prova, em si, o percurso era 100% em trilhas e composto de uma volta de 6km e 3 voltas de 5km, podendo ser percorrido em duplas ou quartetos.

As duplas poderiam traçar sua estratégia livremente, desde que cada membro realizasse duas voltas.

Eu e a Cris formamos uma dupla e decidimos intercalar as voltas, sendo que eu faria as voltas 1 e 3 e a Cris as voltas 2 e 4.

Para mim, revezamento sempre tem um gostinho de farra, de gincana, de passa-ou-repassa. Para realçar esse sentimento, escolhemos a dedo o uniforme da nossa dupla: o tradicional uniforme Aloha Run Edição 2015.

Considerando nosso condicionamento, o clima de festa e os muitos amigos presentes, o objetivo era correr tranquilinho, como de costume, e aproveitar para fazer um social entre uma volta e outra.
Mas se tem um negócio doido é a tal da buzina da largada.

A buzina toca, o lesionado esquece a dor, o fecha trilhas vira coelho e o "eu vim aqui pra me divertir" que vos fala sai em disparada no meio do pelotão e esquece tudo o que sabe sobre si mesmo e tudo o que sabia sobre o percurso! rs

Se a largada em subida já deixou o batimento um pouco elevado, errar o percurso logo em seguida, seguindo os primeiros colocados (apesar de: 1] o staff ter falado que era pra virar a esquerda; 2] eu ter visto a marcação para a esquerda; e 3] eu lembrar que o percurso - que eu já conhecia - era pela esquerda!) somente piorou o quadro.

O erro foi corrigido logo - nem bem andamos 100m a mais para ir e 100m pra voltar - mas como foi logo no início da prova, foi o suficiente para, de repente, eu me encontrar no fim da fila, entre os últimos colocados. E nessa de fazer força para tentar recuperar umas posições antes que o percurso afunilasse, eu sei que meus batimentos atingiram uma média que não era atingida há anos e eu paguei o preço ao longo da volta.

Sendo realizada no Roots Bike Park, dentro do Hotel São Cristóvão, cada volta do percurso contava com inúmeros zigue-zagues em singletracks escorregadios e bem ondulados, alternando constantemente subidas e descidas. Isso significa que não havia trecho plano ou descida longa o suficiente para conseguir relaxar um pouco e esperar os batimentos baixarem.

A cara de quem tá fazendo força
O resultado disso tudo é que eu terminei minha primeira volta, entreguei o chip para a Cris iniciar a volta dela e demorei uns minutos para me situar, sem a menor vontade de dar mais uma volta!




Após alguns minutos de descanso, os batimentos baixaram, a respiração se estabilizou, me hidratei e até consegui conversar civilizadamente. Mas a vontade de dar outra volta ainda não tinha vindo. 😁


Pouco mais de 40 minutos depois, a Cris terminou sua volta e me entregou o chip. Comecei essa volta praticamente sozinho e, portanto, sem pressão para ultrapassar ou ser ultrapassado, e resolvi que era hora de curtir o percurso. Aos poucos encontrei meu ritmo, mas sempre tomando cuidado pra não elevar os batimentos outra vez.




Curti bastante o momento, embora estivesse evidente que eu tinha utilizado mais energia do que deveria na primeira volta, já que mal conseguia levantar as pernas ou endireitar as costas. Nas descidas não tinha nem como disfarçar... a agilidade tinha sumido, e com ela foi-se a habilidade.

Percurso estilo pista de autorama/Hot Wheels! rs
De qualquer forma, ainda que estivesse mais lento, parecia que o tempo passava mais rápido e, somado ao fato de que era possível ver corredores em outros trechos do percurso, graças aos zigue-zagues, a cabeça arrumou uma tarefa para se concentrar ("vamos ver quanto tempo eu levo para chegar naquela curva e calcular quanto tempo aquele cara tem de vantagem sobre mim. Humm 2 minutos... vamos ver se consigo diminuir essa vantagem até aquela outra curva...") e quando vi, lá estava o pórtico!

Entreguei o chip para a Cris novamente e lá foi ela para a última volta. Dessa vez terminei minha volta feliz e sem parecer que sofreria uma síncope a qualquer momento. =)




Consegui botar o papo em dia com os amigos e, quando dei por mim, lá estava a Cris mais uma vez, chegando feliz e sorridente, mandando beijinho e tudo mais! 💓



Estava oficialmente finalizada a nossa prova!


Ficamos muito felizes com a forma como nos sentimos ao longo da prova e, como havia adiantado, ficamos ainda mais felizes por perceber que nossa vontade de voltar a treinar regularmente e de participar em provas finalmente deu as caras.

Isso significa que a gente vai se trombar nas trilhas com mais frequência nesse ano! \o/

Para finalizar, não poderia deixar de elogiar a organização. Embora os meninos dos Mutuka's já tenham organizado muitos treinos, todo mundo sabe que "jogo é jogo e treino é treino" e posso afirmar que eles mandaram bem demais no "jogo". Percurso super divertido e bem sinalizado, staffs posicionados nos pontos cruciais, divulgação de resultados rápida e uma ótima estrutura. Que essa prova venha para ficar!

A gente se tromba nas trilhas! ;-)


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