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quarta-feira, 10 de abril de 2019

Pé na Trilha: Review do Kalenji Kiprun Trail XT7

Outro dia, conversando com amigos, um deles falou a seguinte frase: "saudades de reviews de tênis de R$200,00... pois não adianta nada ler o review de um tênis de R$1.000,00 que eu sei que nunca vou comprar".

Essa frase acabou ficando na minha cabeça e resolvi, após bastante tempo, soprar a poeira e tirar as teias de aranha da área de reviews do blog para contar pra vocês as minhas impressões sobre um tênis que, se não custa R$200,00, está perto disso (R$299,00): o Kalenji Kiprun Trail XT7, vendido pela Decathlon.



De cara já deixo aqui o "disclaimer" de que o produto utilizado foi pago com meu próprio din-din suado. Então não precisa desconfiar da avaliação, pois a posição aqui é isenta (e mesmo se eu tivesse recebido o produto como cortesia ou para testes, ainda assim eu daria minha opinião sincera, como sempre fiz por aqui).
E já que é pra ser sincero, admito que a Cris ganhou um par desse tênis, gostou bastante e, por causa disso, eu decidi comprar um para mim, mas a opinião dela - ou o fato de ela ter ganhado um par de tênis - não influenciou em nada a minha experiência com o produto.

O XT7 da Cris
(que me motivou a experimentar o modelo)
Mas vamos à avaliação:

Não vou ficar falando aqui de tecnologia "embarcada de alta absorção de impacto free-absorb-impactation-plus-3000 que garante melhora na performance e previne o surgimento de lesões blablabla" e todas aquela papagaiadas que a gente lê por aí em alguns site de marcas de tênis e nos releases que as marcas enviam para os "guias de tênis" e para alguns blogueiros famosos.
Vou focar aqui no que interessa para mim quando sou eu que vou procurar informações de produtos que me despertam interesse:


- Conforto - esse é um conceito bastante subjetivo, né.
Tem gente que gosta da famosa rigidez dos calçados da Salomon e tem gente que gosta da famosa maciez dos calçados da Hoka ou Skechers. Eu gosto do meio termo, pendendo para o lado da maciez conforme a distância do treino ou prova aumenta.
Esse calçado, para mim, se encontra num ponto bastante favorável da escala de conforto - se a escala fosse de 0 a 10, sendo o 0 uma havaiana de pau e o 10 pisando em marshmallows, eu colocaria esse tênis no 7,75. Aparentemente, é tão confortável quanto meu fiel Asics Fuji Trabuco 3, que já me acompanhou em tantas aventuras longas.
O tênis também se encontra no meio termo no que diz respeito ao peso: nem tão leve quanto uma meia, nem tão pesado quanto uma bota ortopédica. A bem da verdade, pela estrutura do tênis, até que ele é bem mais leve do que aparenta.
Se eu pudesse mexer em alguma coisa dele com relação ao conforto, deixaria a parte da frente um pouco mais larga/arredondada, como no caso dos calçados da Pearl Izumi, Altra e do Nike WildHorse 4 - gosto de ter espaço para os dedos dos pés se movimentarem livremente.
Embora o formato da parte frontal não seja tão largo quanto eu gostaria, a disposição dos materiais é favorável para mim e não aperta nem incomoda minha joanete (coisa de vó né? Isso que dá usar sapato social desde os 17 anos... rsrs).
Além disso, o material do tênis drena de forma bastante razoável e você não precisa ficar preocupado com água represada no interior do tênis por muito tempo após atravessar um riacho.

- Durabilidade - quanto a esse quesito, somente o tempo poderá dar a resposta definitiva, mas o tênis parece ser bastante robusto e feito com materiais de qualidade - além de contar com garantia de 2 anos. Até o momento, tendo rodado com ele em terrenos técnicos que fariam um TNF abrir o bico (já aconteceu comigo, com a Cris e com alguns conhecidos), o tênis não mostrou qualquer sinal de desgaste anormal  - e caso apareça algum desgaste prematuro ou algo do tipo, eu volto aqui para editar o texto!

- Sensação de Segurança - Como qualquer tênis trail que se preze, o XT7 conta com uma biqueira de respeito, pronta para salvar seus dedos e unhas de alguns encontrões indesejados com pedras e raízes - já testei sem querer em duas topadas com pedras pontudas e posso dizer que a biqueira cumpriu bem seu papel.
O solado conta com um grip bastante agressivo, que segura bem na terra seca, na lama, em pedras (mesmo em pedras com limo), cascalho, raízes, troncos, capim molhado e em todos os terrenos em que consegui colocar o tênis pra bater (falta apenas testar a aderência em lajes de pedra úmida, o que não é algo que eu encontro com facilidade na minha região).

Grip no limo: Temos

Grip em árvores (!?): Temos


Flexibilidade: Temos



Apesar dos cravos (ou travas) serem grandes, eles não chegam a atrapalhar ou incomodar caso você use o tênis para correr em estradas de chão batido ou em trilhas de barro duro, embora dê bastante dó de "gastar" um tênis desses para rodar em terrenos não técnicos.
Por fim, o tênis abraça bem o pé, tanto na região do calcanhar quanto no tecido da parte superior (upper ou cabedal, como preferir), principalmente se você utilizar o último ilhós do tênis como ancoragem pra amarração do cadarço, então não há aquela sensação de que seu pé está sambando dentro do tênis mesmo nas descidas mais técnicas e desembestadas.

Solado agressivo que morde o terreno
- Bônus - Assim como os Asics da linha Fuji e em alguns Salomon, o XT7 possui um bolso elástico na língua do tênis para armazenar o cadarço após a amarração, dificultando assim que o cadarço se desamarre sozinho ou se enrosque em algum obstáculo na trilha.

Notar a biqueira de responsa e o
cadarço preso dentro do bolso na língua do tênis

Minha conclusão

Preço bastante competitivo, conforto, robustez e grip pra ninguém botar defeito. Essas são as características que me chamaram a atenção no Kalenji Kiprun Trail XT7. Relação custo-benefício excelente.
Gostei bastante do tênis e tudo indica que faremos muitas aventuras juntos, especialmente em terrenos técnicos e em rodagens longas.

Tudo indica que ainda veremos muitos cumes juntos!


Tratorzinho
Se você já teve a oportunidade de utilizar esse calçado, deixe suas impressões nos comentários (principalmente se você já teve a chance de testá-lo em lajes de pedras molhadas!!).

A gente se tromba nas trilhas ;-)

4 comentários:

Diego Denega disse...

Cara, quase um arrependimento de ter comprado o Trail Mt ao invés desse XT7, na realidade os dois são muito semelhantes, achei o XT7 um pouco mais leve e com as travas mais pegajosas o que favorece muito o grip. Sobre a durabilidade tive aquele Kalenji mais básico de todos Ekiden Active Trail, rodei mais de 500 Km e só desgastou o solado, imagina esses nossos modelos.

Gabriel C. disse...

Lembro daquele seu Ekiden. Essa nova geração parece que vai rodar pelo menos uns 300km a mais do que o Ekiden (claro que tudo depende do terreno onde você roda, né... mas me parece que são tênis pra 800/1000km). Não cheguei a olhar o MT de perto, só reparei que o grip era um pouco menos agressivo, mas não verifiquei o material do solado ou o formato das travas. Até o momento, o XT7 me deixou em pé e confiante em todos os terrenos em que tive a oportunidade de correr. Está se mostrando um verdadeiro "pau pra toda obra" quando se fala em trilhas técnicas.

Walmir disse...

Obrigado por nos apresentar uma opinião "isenta" e coerente. Com certeza será minha opção em um próximo tênis para trilhas.

Gabriel C. disse...

Valeu, Walmir! Se chegar a provar o modelo, depois volte aqui pra dizer o que achou. Abraço