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segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Relato: 'Double' ZigZag Vertical - Santo Antônio do Pinhal

Prontos para mais um relato de prova?

Eis o terceiro relato na terceira semana consecutiva!
A prova da vez foi o Zigzag Vertical, uma prova de trilha uphill saindo de Santo Antônio do Pinhal (SAP) e terminando em Campos do Jordão.

A prova tinha um preço razoável se você optasse por doar um livro na ocasião da retirada de kits e ainda conseguimos um código de desconto, então a inscrição saiu por um preço bem acessível.

Sendo nossa última prova do ano, o objetivo era encarar a prova como uma zoeira. Iríamos eu, Cris, Will e Bruna, todos vestidos com o já famoso uniforme do Aloha Run 2015.

Apelidamos a prova de Zigzag da Zoeira Vertical.

#partiu-Zigzag-da-Zoeira-Vertical

Resolvemos nos hospedar em SAP, onde seria a largada, por ser uma cidade que gostamos bastante e também por ser mais barata do que Campos do Jordão.
A organização havia divulgado que a cerimônia de premiação seria no local da chegada, em Campos,  e "disponibilizou" um bus pago (¬¬) de Campos para SAP.

Considerando tudo isso, o plano inicial seria o Will e eu subirmos a prova meio que juntos, cruzarmos o pórtico e depois descermos a trilha juntos para buscar o carro em SAP e voltar de carro até Campos para resgatar as meninas.

No entanto, durante um de nossos treinos de fanfarronice vertical no Pico do Jaraguá, o Will sofreu um entorse... faltando 3 semanas para a prova!


Por sorte, o entorse não foi tão grave e o médico recomendou que o Will ficasse 3 semanas de molho. Exatamente o tempo que tínhamos até a data da prova. Como a prova envolvia mais andar do que correr, o Will se sentiu seguro o suficiente para encarar a trilha e não desfalcou o time.


No sábado, véspera da prova, fomos até Campos do Jordão para retirar os kits e... surpresa! Não tinha kit algum... deu algum problema com relação às camisetas e os kits seriam retirados apenas no dia da prova.
Toca descer de volta pra SAP, no meio da chuva forte (aproveitamos a chuva forte para parar na estação Eugênio Lefévre e degustar uns deliciosos bolinhos de bacalhau... há que se aproveitar as oportunidades, né? rs).

Heading into the storm
Na manhã de domingo, enquanto tomávamos o café da manhã resolvemos que cada um subiria a trilha no seu próprio ritmo e eu desceria sozinho para pegar o carro em SAP e depois voltaria para resgatar todo mundo em Campos.

A largada seria no Bairro do Lageado, distante apenas 5km de nossa pousada. Chegamos lá cedo, retiramos o kit sem stress (até porque o número de inscritos foi relativamente baixo) e depois de algum tempo o organizador chamou os corredores para as últimas instruções antes da largada.


Time entrando em campo (minha cabeçorra cobriu o Will rs)

Basicamente, as instruções eram: fiquem de olho nas fitas zebradas, elas estão posicionadas com um intervalo de no máximo 150m entre uma e outra. se não estiver vendo nenhuma, volte o caminho até encontrá-la; por causa das chuvas, não conseguimos subir com a água até o km 4... vamos tentar levar água no km 7, mas não contem com isso; 3, 2, 1, boa prova!

Aguardando as instruções finais
Não houve nenhum pórtico de largada e os chips nos tênis serviram de enfeite... mas também, com o reduzido número de inscritos seria fácil controlar a ordem de chegada lá em Campos.

(Foto: Pace Run)

(Foto: Pace Run)
Após aproximadamente 2,5km em estrada de terra, iniciamos a trilha do ZigZag. Trilha bem gostosa, viu! Estava escorregando um bocado, mas as inclinações não eram tão fortes.








No início, a trilha era formada por erosões de chuva e de "caminho de vacas", mas gradualmente a trilha foi afunilando e a vegetação foi mudando conforme a altitude aumentava.

(Foto: Cris)
Como vinha reclamando de cansaço desde meados de novembro (e como estava com o uniforme da zoeira), larguei bem na maciota e mantive o ritmo relaxado depois que entramos na trilha.





Ia intercalando trote e caminhada sempre que possível, mas sem urgência alguma. Só apreciando a paisagem e aproveitando que essa era a última prova do ano para agradecer mentalmente por um ano tão bom no lado esportivo.

De fato, desconsiderando a crise econômica e as tragédias e desastres político-naturais do país (e como isso tem nos afetado em casa), no lado esportivo e pessoal 2015 tem sido um ano excepcional: corremos muitas provas legais; conhecemos pessoas incríveis; tivemos a oportunidade de visitar lugares espetaculares; e a saúde vai bem, obrigado! Que 2016 continue nessa toada!

Voltando à prova, no km 4 não teve mesmo água, e no km 7 também não. Aliás, no km 7 era possível ver a estrada asfaltada que sobe até Campos do Jordão, o que significa que não haveria dificuldade logística nenhuma em levar água até ali...
A falta de água não foi problema para mim, pois eu normalmente não conto com as promessas da organização mesmo... contar com essas promessas é dar sopa para o azar em 70% das vezes.

Fiquei sabendo que algumas pessoas se perderam nesse trecho e acabaram rodando algo em torno de 3km a mais nessa estrada de asfalto. Quando passei por ali não havia nenhum staff, mas como cachorro picado de cobra tem medo de linguiça (isto é, como eu já havia me perdido em novembro por falta de atenção às marcações), fiquei bem esperto nessa hora e procurei as fitas zebradas, que dobravam à esquerda poucos metros antes do asfalto.

Pouco depois o caminho seguia por um singletrack bem úmido e macio, com alguns troncos caídos no meio da trilha, bem do jeito que eu gosto. Saindo desse singletrack me deparei com um descampado com vista para a cidade de Campos do Jordão e atravessei a cerca de arame para dentro da propriedade do Hotel Golden Park. O fim estava próximo.


Nesse trecho passei pela grande Vivian Pavão (quem conhece o cenário trail e ultra nacional sabe o quanto essa garota é forte!), que disse que não estava muito bem. Ofereci-lhe um pouco da minha água, mas ela disse que não precisava, pois agora já estava quase no fim da prova.



Segui correndo ladeira abaixo (praticamente a única descida da prova) e em pouco tempo estava no hotel. Era só seguir os cones e atravessar o pórtico de chegada, onde a organização resolveu dar um toque de sadismo como grand finale: o pórtico ficava no alto de um morrinho de grama bem inclinado e escorregadio (daqueles que, quando criança, a gente adorava descer sentado num pedaço de papelão, sabe?).

Já acabou, Jéssica? (Fotos: Dani Dias)


A foto engana. É mais íngreme do que parece (Foto: Cris)
(Fotos: Pace Run)





Concluí a primeira perna do desafio em 1h12, fiquei conversando com o pessoal, ouvi as "fofocas" dos bastidores de outras provas recentes (rs), peguei uma banana, um torrone, minha medalha, dobrei meu trekking pole e parti para a segunda parte do desafio: descer a trilha do Zigzag!

A segunda perna do zigzag foi muito mais divertida do que eu imaginava. Não sou o maior fã de descidas longas - 9 de cada 10 relatos de provas estão aí para não me deixar mentir! - mas tenho que confessar que descer essa trilha foi uma delícia!

Sem contar que na descida é possível apreciar a paisagem direitinho, enquanto na subida a gente praticamente só olha para o próprio pé e para o barranco à frente! rs

Logo que comecei a fazer a trilha no sentido contrário já dei de cara com a Cris que, mais uma vez, me surpreendeu chegando bem antes do que eu previa!

Só assim mesmo...

...para ficar feliz ao flagrar a mulher pulando a cerca!

É muito amor! rs

Agora corre que falta menos de 1km!
Na sequência passei pelo Will, pela Bruna e por mais vários corredores.  Encontrei um senhorzinho cuja casa fazia parte do percurso e lhe ofereci meu torrone (ele aceitou e ficou muito feliz!).

Will forçando um trote só pra sair bonito na foto. Safado! rsrs
Vamos lá, Bruna! Falta pouco!
Uns 2km para baixo fui parado por 2 corredores que acharam que eu era da organização. Eles disseram estar preocupados com 'uma gringa' que havia ficado para trás. Disse a eles que iria procurá-la e 1,5km pra baixo a encontrei.

A estrangeira (mexicana?) estava bem cansada, mas visualmente ela estava bem.  A água dela havia acabado, então ofereci um pouco da minha água, dei-lhe minha bananinha, expliquei a ela (com toda a minha fluência em portunhol) como era o percurso dali em diante, certifiquei-me de que ela estava bem e parti desembestado ladeira abaixo.

Fiz essa curva me sentindo o próprio Speed Racer



 
Diversão! (Favor desconsiderar o cabelinho)
Com todas as paradas para fotos, informações e 'prestação de socorro', fiz a descida em 56 min . Em alguns trechos eu tinha que me forçar a parar, já que eu estava me empolgando demais com toda a diversão e corria o risco de acabar torcendo o pé ou caindo (o que não seria nada legal, uma vez que eu era a única pessoa na trilha e estava sem sinal de celular).

Cheguei ao local da largada, peguei o carro e subi voando pra Campos. Lá chegando, conversei com um staff e ele disse que a estrangeira ainda não havia aparecido! o.O

Fui andando até o quiosque onde estava rolando a premiação exatamente no instante que chamaram meu nome para subir ao pódio na terceira colocação da minha faixa etária! hahaha... to falando... essa camiseta do Aloha Run é 100% de sucesso! (não que pódio na faixa etária seja lá uma grande conquista a se celebrar, mas que é divertido subir ao pódio fantasiado, isso é! rs)

O segredo do sucesso: não se levar a sério!

No punho direito, a valiosa lembrança recebida do Sinoca!
Após me refazer da surpresa, fiquei sabendo que a Cris e a Bruna também haviam subido ao pódio! Juntas! Legal, né? =)



Ótima forma de encerrar o ciclo de competições de 2015! E que venha 2016, com muitos projetos e aventuras!

A gente se tromba nas trilhas! ;-)

2 comentários:

Aldinha disse...

Show!
Sou de Manaus e essa foi minha primeira corrida em trilhas e já fiquei em primeiro na categoria... rs
Os corredores que vc encontrou no meio do caminho que te confundiram com alguém da organização foram eu e meu noivo. E parabéns por ter parado e nos dado atenção sobre nossa preocupação com a gringa.

Gabriel C. disse...

Parabéns pela prova e pela conquista, Aldinha! Espero que vocês tenham gostado da experiência fora do asfalto! =-)
Falando nisso, acabamos de postar lá no face um texto com dicas para quem está iniciando nas trilhas agora! Veja lá se não pode ajudar vocês numa próxima prova!
Bons treinos
Gabriel