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quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Relato: Sebo nas canelas na Suíça paulista - Corridas de Montanha Campos do Jordão

Após correr destrambelhadamente no Rei da Montanha, fiquei com dores tão fortes nas pernas (região das tíbias) que passei uma semana sem conseguir nem ao menos trotar... Por isso, estava com grande receio de correr a Etapa Campos de Jordão da Copa Paulista de Corridas de Montanha (ainda mais depois da surpresinha que tive com a divulgação do percurso/altimetria: o percurso passou de 12km para 15,2km, além de uma caminhada de 3km do estacionamento até a área da largada, para aquecer!).

Após a 'pré-largada' - caminhada/trote de 3km até a área da largada real - sob garoa, chegamos ao pórtico de largada oficial e aguardamos a liberação pela organização do evento.

Todos a postos, soou a buzina e lá fomos nós, morro abaixo, na tal da "Largada em Avalanche" (500m de estrada de terra mais ou menos escorregadia e em declive).
Como eu não sabia nem se ia conseguir correr, deixei pra largar lá atrás, e num ritmo bem conservador (até a Cris me ultrapassou na primeira descida, com perninhas de papa-léguas! rsrs).

Aos poucos fui ganhando confiança e aumentando o ritmo e, alguns sobe-e-desce depois, surgiu um aclive longo em estrada de terra, de onde era possível ver um grande vale coberto por nuvens. No alto dessa ladeira havia uma placa indicando nossa localização: estávamos no cume do Pico do Diamante (+1850m de altitude)!
Chegando ao cume do Pico do Diamante
Cris iniciando a descida do Pico

Como diria o Rei (Roberto Carlos, não o Rei da Montanha), são tantas emoções! rs Ali, no meio da prova, com o coração na boca e a respiração ofegante, perdi-me em devaneios e me lembrei de quando fiz a trilha até aquele cume acompanhado de meus pais e meu irmão, há alguns bons 16 anos!!!

Direto do túnel do tempo! (favor desconsiderar a qualidade da foto e o visual grunge)

Mal deu tempo de sentir saudades da infância e já era hora de rolar morro abaixo, digo, descer o Pico do Diamante por uma trilha longa e acidentada.



Finda a descida, adivinhe... era hora de subir de novo!! Subida longa e gradual em mata fechada, com muitos troncos, riachos, arbustos, pedras e lama. Do jeito que o povo gosta!

Dá só uma olhada nessa ladeira!!

Por volta do km 9, uma staff fanfarrona disse que faltavam 3km para o fim da prova... Nos meus cálculos, faltava pouco menos da metade da prova ainda, mas vai que né... na dúvida, sentei a bota!



Entrei numa trilha cheia de lama e folhas mortas e fofas, em leve declive e com um pouco de neblina. Aquele terreno praticamente implorava por um aumento na velocidade e achei que correr um pouco na banguela não faria mal a ninguém! Me senti o próprio Kilian Jornet (rs), flutuando terreno abaixo, saltando sobre pedras, raízes, erosões - e, às vezes, sobre pessoas que capotavam à minha frente gritando "tá tudo bem, tá tudo bem, pode continuar"! rs - deixando meus pés escorregarem na lama com segurança e imprimindo um bom ritmo de descida.

Nessa toada passei as placas de 10km, 11km, 12km, saí da trilha (staff pimpona!!! Tentou me enganar!!!) e passei a correr beirando os trilhos do trem, num leve aclive, saltando dormentes, pedras, despachos (sim, sim, várias velas vermelhas por ali rs) e, enfim surgiu a placa de 14km.
Juntei energia sabe-se lá de onde, ajeitei a postura do corpo e queimei sola, com sprint na reta final e tudo mais! Meu quilômetro mais rápido até hoje! rs

Às vezes é importante andar na linha (e essa minha cara de espirro, hein?)


Fiquei feliz demais em concluir a prova! Sério, as dores que senti 'nas canelas' ao longo da semana me fizeram pensar em desistir da prova... mas sabe aquele papo de ser brasileiro e não desistir nunca, né?

Com o tempo, as demais figurinhas carimbadas da Copa Paulista foram aparecendo e a conversa rolou solta enquanto os resultados parciais não eram divulgados! O animado bate-papo sobre provas passadas e projetos futuros quase não nos deixava lembrar do frio, roupas molhadas, fome e dores musculares.

A melhor parte das competições: o companheirismo, a camaradagem e a troca de experiências!














Resultado divulgado, fotos, festa, chocolate quente, até-breves e hora de voltar para casa. O que é bom, dura pouco!





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