Indomit Bombinhas: Uma prova desafiadora e almejada por nós, montanheiros, e sempre com muita história pra contar!
A inscrição pra essa prova foi feita em Fevereiro desse ano, 6 meses antes da data da corrida.
O que deixou a prova ainda mais desafiadora foi o que aconteceu nesse intervalo de 6 meses: o rompimento do ligamento do tornozelo que sofri em um treino semanal.
A apreensão era muito grande. Mesmo com todas as sessões de fisioterapia e fortalecimento contínuo do tornozelo e entorno, a insegurança era muito grande. Foram 3 meses e meio sem treinar NADA e nos 15 dias que antecederam a prova, fiz alguns trotinhos paquera, em terreno regular e de baixo impacto.
Uma semana antes da prova começaram os avisos via email da organização Indomit, a contagem regressiva via página Bombinhas Runners no Facebook e a preparação do que deveria por na mala pra usar na prova foram me deixando ansiosa.
Na sexta feira a ansiedade já não cabia em mim!! Rsrs
Entrei no trabalho mais cedo pra poder sair mais cedo. Calculei 2h da Vila Olímpia até o Aeroporto e arrisquei usar o caminho do Waze pra evitar os piores trechos, porém, parecia que algo bloqueava meu caminho. A cada curva, a cada rua que entrava, parecia que estava pior, parecia o trânsito do dia do primeiro jogo da copa e, pra melhorar, o rádio informava que havia mais de 700km de congestionamento registrados...
O Gabriel também saiu do trabalho mais cedo e foi de Airport Bus Service. Fomos nos comunicando e o trajeto do ônibus também não estava fácil, porém conseguiu chegar primeiro que eu. SORTE! Ele fez o check in no totem de autoatendimento e, 2h30 depois de sair do trabalho, consegui estacionar no Edifício Garagem do Aeroporto Internacional de Guarulhos.
Nosso voo estava marcado para decolagem às 20h55. As malas estavam no carro (somente bagagem de mão!), peguei um carrinho e fui correndo (literalmente!) pelos corredores de acesso ao terminal!!
Na entrada do terminal dei de cara com o Gabriel me esperando com um pão de batata salvador! Foi só o tempo de parar no pit stop e correr pro portão de embarque que, quase que imediatamente, já abriu, mas a aventura não acabou aí!
Após uns 50 minutos de voo, o comandante avisa que devido ao mau tempo, teto baixo e vento de cauda, não seria possível pousar e que esperaria alguns minutos sobrevoando a área. Meia hora depois o aviso de que não houve condições de pousar e a alternativa seria o Aeroporto Internacional de Curitiba e, se as condições não permitissem, voltaria para Guarulhos: PÂNICO!
Por sorte deu certo pousar em Curitiba. Enquanto os passageiros se dirigiam pro guichê da Gol por conta da hospedagem até a manhã seguinte, a gente correu pro Guichê da Localiza porque a gente TINHA que estar em Bombinhas até às 7h do sábado!
E lá fomos nós, debaixo de chuva durante as mais de 3 horas de viagem até Bombinhas, comendo umas bobagens que levei na bolsa por precaução. Mas chegamos!
Fomos deitar umas 4h da manhã e sem jantar!
Às 6h já estávamos em pé, nos paramentando para o grande desafio do dia: Terminar a prova!
Com largada marcada para as 8h da manhã, nos encontramos com o pessoal da JVM que já estava por lá posando pra fotos, nos alinhamos para a largada, a contagem regressiva começou e orei em pensamento pra que Deus me desse condições de encerrar o meu trecho.
Larguei bem tranquila. Percebi uma galeeera me passando, mas nem dei bola porque meu objetivo era terminar inteira.
Valendo! |
Os primeiros 5 km foram dentro da cidade, subida e descida em paralelepípedo, curto trecho de praia com areia levemente fofa, asfalto e estrada de terra.
(colega maratonista ainda se ofereceu pra tirar foto minha com a GoPro!) |
Nesse trecho eu ainda implorava pro advil que tomei no desjejum fazer efeito logo, porque estava sentindo o tornozelo e ainda tinha muito chão pela frente! Nos trechos corríveis, mantive o trotinho paquera bem confortável que abandonei assim que começou a subida. Forte e com pedras soltas.
Chegando na camaradagem lá em cima, sorrindo pra foto! |
Trotava no plano, andava nas subidas e tentava recuperar nas descidas. Apesar de estar insegura quanto ao tornozelo, senti que ele tava ‘pronto’ pra descida no estilo ‘nóis capota mas num breca’. Mesmo a trilha estando muito escorregadia, tentei ao máximo ganhar tempo nesses trechos e finalmente me senti ‘em casa’ de novo! Eu tava de volta, ali, no meio do mato, fazendo o que adoro!! Cheguei até a torcer o pé lesionado, mas o trabalho de fortalecimento foi tão bom que nem doeu!
'Nóis capota mas num breca' |
Um pouco adiante avistei uma placa "Aprecie, Vale a pena". Pensei: 'o que tenho a perder se parar por 5 minutinhos??'. Realmente valeu a pena, o visual é lindo!!
Novamente o mesmo colega se ofereceu pra tirar foto! Obrigada amigo! |
Aproximadamente no km 11,5 vi um rapaz deitado no chão e um outro fazendo companhia. Na tentativa de ajudar, perguntei o que havia acontecido, se estava machucado ou desidratado. Aparentemente foi uma torção no tornozelo e o colega com quem conversei durante alguns trechos (o que tirou umas fotos minhas com a GoPro) ofereceu spray anti-inflamatório, como não podia ajudar, só me certifiquei de que já haviam pedido resgate para a organização e continuei. (Dias depois soube que ele teve que ser levado de helicóptero pra Florianópolis)
Daí pra frente a trilha tava ainda mais escorregadia. Já quase não havia trecho 'sujo' pra pisar, era torcer pro grip dar conta do recado e mandar ver sem medo de ser feliz!!
Lá pro km 15 saí numa praia. Era só um posto de abastecimento e isotônico, mas essa parte me deu uma emoção muito grande, agradeci por estar passando por ali, por poder apreciar a beleza do lugar, de ‘já ‘ estar no km 15 e estar me sentindo bem e até então estava dentro do objetivo, não fazer o trecho ‘morrendo’! Até registrei o momento num selfie borrado de água da chuva! Rs, eu realmente estava muito feliz!!
Olha a cara de feliz! :) |
Lá pro km 17, saí em outra praia, de areia dura, confortável, porém minhas pernas estavam me dizendo que queriam parar, estavam dando sinais de fadiga e quase tive cãibras, o que só não aconteceu porque dei algumas pausas rápidas para alongar panturrilhas e posteriores.
Cansadona... |
Dali em diante, só praia. Visual lindo e muita gratidão por estar ali.
...mas bora lá... |
...que ainda dá pra soltar um sorriso! |
No trotinho paquera! |
Um píer! Tá chegando? |
A cada momento que sentia as pernas pedindo pra parar, ativava o psicológico e dizia em voz baixa: ‘quem é que manda aqui? Sou eu que mando, perninhas, vambora que vocês conseguem!’. Por 3,5km repetia o ‘mantra’ e em alguns momentos eu caminhava, então aproveitei pra comer uma bananinha e logo voltava a trotar. O ritmo tava bem suave, quase uma caminhada rápida, mas eu queria me manter trotando, afinal era eu que mandava ali!!
Depois do Píer, o trecho de praia tinha um desvio bem curto pela rua e depois voltava pra praia.
Vamos perninhas, vocês aguentam!! |
Ali era o trecho final do revezamento, mas como não conseguia enxergar o pórtico e não queria me pressionar, deixei a cabeça e as pernas me levarem num ritmo suave.
Ao ver o pórtico liguei a câmera e comecei a procurar o Gabriel. Ele estava bastante preocupado comigo e ficou feliz quando cheguei com cara de cansada, mas sem aspecto de sofrimento. Eu havia conseguido atingir meu objetivo e então começava ali o objetivo dele: concluir a segunda perna! Trocamos a bateria da GoPro e alertei: cuidado, o percurso está muito escorregadio!
Cheguei em 3h22! |
Após voltar pra pousada, tomar um banho quente e colocar roupas secas, fui ao pórtico de chegada aguardar por ele, também preocupada, afinal os dois foram destreinados e fomos literalmente dos 5 aos 21km em uma semana.
Quando ele chegou, o relógio do pórtico marcava 6h15, registrei o momento e fui ao seu encontro (relato dele aqui)!
VENCEMOS nosso desafio! E nem fomos os últimos a chegar! Das 20 duplas mistas da nossa faixa etária, chegamos em 10º lugar! Sucesso!
Depois foi só relax, almoço, cochilo, festinha Indomit e cama! Ufa!
Indomit Fest |
Na manhã seguinte uma pisadinha na areia (dessa vez sem tênis!) só pra não dizer que não fomos à praia!
Deixei a água bater nas pernas e agradeci novamente por aquele momento. Apesar de tudo, valeu muito a pena!
Gratidão |
E então começou o perrengue da volta, porque chegar ao aeroporto em cima do horário do embarque foi marca registrada dessa viagem!
O bate e volta mais demorado e caro da vida!! Ainda bem que existe cartão de crédito e parcelamento em várias suaves prestações!!
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Confira mais fotos que tiramos durante o percurso na nossa página no Facebook!
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2 comentários:
Ficou sensamaraaa!!! Parabens!!!!
Parabéns! É uma dadiva poder voltar ao desporto. Também fiz rotura grau 3 do ligamento talofibular anterior e posterior e grau 1 do deltoide. Estou na nona semana pos lesão e seu relato me tem dado esperança. Felicidades para você e boas corridas!
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