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quarta-feira, 17 de maio de 2017

Relato: 6º Desafio 28 Praias Ubatuba - Dupla Mista

Se tem uma prova que a gente ama, essa prova é o Desafio 28 Praias.
Das seis edições do evento até hoje, participamos de 5!

Dessa vez a gente iria para Ubatuba sem a intenção de participar da prova, apenas com o objetivo de confraternizar com os amigos e sentir a energia incomparável que esse evento tem. Mas, como diriam os antigos, quem tem amigo não morre pagão!

Graças à ajuda dos amigos - e à benevolência dos organizadores do evento - conseguimos um par de inscrições! =)

Decidimos fazer dupla mista novamente, com o objetivo de curtir bastante o percurso e terminar a prova num estado um pouco melhor do que o estado em que a gente tinha terminado em setembro. Naquela última vez que corremos a prova, o cansaço acumulado do Desafio das Serras (uma semana antes do D28P) tinha me deixado só o caramelo, sem a menor condição de correr levemente e com alegria nas pernas.

Para essa sexta edição, resolvemos inverter a ordem da dupla, assim, a Cris faria os primeiros dois trechos e eu faria os últimos 21km.
Estava ansioso para correr esses trechos finais, pois eu só havia feito essa parte do percurso uma vez, na minha estreia nos 42km, e eu já estava bem retardado naquela altura e acabei apagando essa parte da minha memória.

A intenção, como sempre, era a de curtir muito as paisagens e interagir muito com os amigos. Se desse tempo, a gente faria o possível para correr bem também, afinal, não tem coisa melhor do que se soltar num percurso que você gosta mas não tem a oportunidade de correr com frequência.

Três semanas antes da prova, contudo, sofri uma entorse do tornozelo (entre 6:05 e 6:12 do vídeo), ocasionando a ruptura parcial de dois ligamentos... Como diriam os franceses: C'est la vie... Como diria a tia Lurdinha: fazê o que, né fío?

Como o edema já quase desapareceu e como a dor só me visita em episódios específicos, havia decidido não abrir mão da farra, mesmo que precisasse caminhar 100% do tempo (como havia feito na Naventura Cânion Guartelá).

Além disso, três dias antes da prova passei por uma avaliação fisioterapêutica na Ready 4, e foi constatado que meu caso não está tão ruim quanto parece (rs), então eu poderia participar da prova desde que eu pegasse beeeeemmmm leve e usasse o aircast (uma tala esportiva) para evitar nova torção.

Com essa boa notícia (considerando todas as possibilidades), nosso ânimo aumentou mais um nível, fizemos nossas malas e nos preparamos para um final de semana de alegrias!

Antes da largada, alteramos um pouco nossa estratégia e decidimos que a Cris faria os três primeiros trechos (+/- 26km) e eu faria os últimos dois trechos (+/-16km), para poupar meu pé um pouco.

Relato da Cris:

A Corrida da camaradagem!!

Assim foi o D28P pra mim!

Como no semestre passado, eu e o Gabriel resolvemos fazer dupla, mas invertendo os trechos. Este ano eu faria a primeira metade e ele a segunda.
Faltando menos de 1 mês pra prova, o Gabriel sofreu um entorse de tornozelo e então já tínhamos combinado que eu faria uma km maior e ele faria o que conseguisse.

Ficou combinado então que os trechos 1, 2 e 3 seriam meus e ele daria conta dos 2 últimos.

Já sabia que seria uma prova escorregadia e que teria bastante gente, visto que na última edição o número de inscritos era de 2mil e dessa vez chegou ao recorde de 3500 atletas!! 

Como de costume, chegamos tarde da noite em Ubatuba pra madrugar no dia seguinte.
Às 5h o povo já tava acelerado e eu tava tão atordoada que só perguntava "como que eu vou pra largada? Quem vai me levar?", pois um grupo de amigos já estava saindo enquanto eu tava cortando minha bisnaguinha!! rs

Garoava forte enquanto estávamos a caminho da largada, mas foi descer do carro que em menos de 5 minutos a chuva tinha parado! 

Assisti a largada do solo masculino, depois solo feminino e então chegou a vez das duplas!

Logo de cara já fomos encontrando com o pessoal das largadas anteriores.


Confesso que tinha bastante fila e muita gente despreparada para aquele primeiro trecho que, segundo o manual do atleta, era o trecho mais difícil. Despreparada tanto com relação ao tipo de tênis quanto na questão de ter atletas sem água e alimentos. Cheguei a ajudar com água uma moça que estava no solo feminino e sem carregar água (??).

Conforme ia avançando no percurso, comecei a encontrar os amigos, tornando a prova ainda mais divertida!! 
Até então estava no modo automático, então tirei a câmera da mochila e comecei a registrar alguns momentos!


Em alguns pontos era impossível fotografar, pois tinha que usar as duas mãos nos trechos mais escorregadios, tanto nas descidas, quanto nas subidas.

Encontrei minha irmã, que gostou tanto da prova que fez solo novamente nesta edição! Ela estava sentindo cãibras na panturrilha, então paramos um pouco para poder alongar e fazer uma leve massagem. 


Não que tenha adiantado muito, mas deve ter ajudado no psicológico, pelo menos! rs. 
Logo em seguida, tivemos um visual lindo e aproveitamos para tirar mais fotos, inclusive com o Japa, que tinha acabado de aparecer! 



Ainda encontrei com a Mika e o casal Felipe e Simone (e seu filho de 4 patas mais fofo, o Jimmy!). 


Cheguei na Praia da Caçandoca com +/- 2h40. 
Passei bem, vi amigos, peguei uma banana (que já estava nos meus planos há algum tempo) e segui adiante, onde encontrei o Keizo e aproveitamos uma ducha natural pra refrescar a cabeça!! 



(Foto: Carlos Mello)
Entramos na trilha de acesso ao condomínio pra chegar na praia da Maranduba, ali já estava mais espaçado de atletas e pude ver a Lih logo a frente. Emparelhamos e engatamos um papo. 
Logo chegou a travessia do Rio Maranduba e eu já estava decidida a ir de barco - mesmo sabendo que seria acrescido dez minutos no tempo final. 
Eu não estava ali pra tempo, então decidi que não queria me ensopar e nem molhar as coisas da minha mochila! 
A Lih acabou vindo na minha e o tempo de esperar o barco mais a travessia durou só uns 2 minutos.
Bem razoável, até porque o pessoal que estava atravessando a nado estava com a água na altura do pescoço!! Inclusive o Giovane me passou duas vezes! Antes do rio e depois do rio! rsrs 

Chegamos no PC da Maranduba, encontrei mais alguns amigos incentivando, parei pra tomar água e quando tava saindo com o segundo copo, a moça não deixou. Ok, eu não iria jogar no chão, mas sei que tem gente porca, então dali a pouco encontraria com o Gabriel e um copo não iria me fazer falta. 

Eu e a Lih continuamos juntas mais um pouco e acabei me desgarrando dela.



Incrível como 3 praias - Maranduba, Sapê e Lagoinha - que tem 6km de extensão parecem não ter fim!!!! 
Nesse trecho encontrei com o Sandro que também estava no solo (aliás, nesta edição muitos amigos estavam no solo!), perguntei se tava tudo bem, tiramos uma foto e, como aconteceu com muita gente, ele estava sofrendo um pouco com cãibras. 


Durante esse trecho ainda deu tempo de mandar áudio pro Gabriel pra avisar onde eu estava, pra ele ir se preparando.
Fui avistando o pórtico de revezamento cada vez mais próximo, as traves do futebol de areia, e finalmente encontrei com o Gabriel e, apreensiva, entreguei o chip, avisei que tinha um pessoal perdendo o chip, pra ele prender direitinho, demos um selinho e desejei boa prova e também muito cuidado!!

Fiquei no PC mais um pouco, ajudei a Karol que estava com problema de assadura nas pernas, conversei com a Mika e depois que o casal Fe&Si partiu (após abastecer de água e dar comida para o Jimmy), segui para a chegada de carro. 

Apreensiva, esperava o Gabriel e também os amigos que estavam no solo: Max, Denis e Renatinha. Esperava o Gabriel chegar por volta de 3h depois de revezar. Nem 2h e meia depois e ele chega trotando com o Denis. Fiquei emocionada, pois achei que ele não conseguiria trotar!

No final das contas, foi bem a corrida da camaradagem. Um ajudando o outro sem se preocupar com tempo ou desempenho. Uma verdadeira corrida entre amigos!

Meu relato (já com o spoiler da Cris sobre a minha chegada triunfante! rsrs)

A Cris foi para Tabatinga com boa parte do pessoal da nossa casa e eu fui para Maranduba com o pessoal que iria fazer os 21k solo ou revezamento.


Fiquei ali em Maranduba por mais de uma hora conversando com amigos, assisti a largada dos 21k solo e vi os primeiros colocados dos 42k passando e então resolvi procurar um lugar para parar no PC3 (Lagoinha) e aguardar a Cris.

Eu estava tão em clima de festa, incentivando os vários amigos que passavam pelo PC que nem havia me dado conta que em breve seria minha vez de voltar às trilhas.
Depois de algum tempo a Cris me mandou mensagem informando que já havia passado por Maranduba e estava a 4km do nosso ponto de encontro.

Após uns minutos ela chegou, me passou o chip (e recomendou que eu o usasse sob o buff do punho, para evitar perdê-lo), informei-a onde havia parado o carro, demos um selinho e lá fui eu, sem saber se tentava trotar ou se caminhava.

Atravessei o riachinho caminhando, mas assim que entrei no single track a vontade de trotar veio forte!
Apesar do receio, comecei a trotar bem de levinho, com passos bem curtos e curtindo a experiência. A trilha estava bem molhada e escorregadia, graças às fortes chuvas que caíram na noite anterior e no início da manhã da prova, mas eu estava me sentindo bem - com dor, com medo, mas bem. rs


Com menos de 3km de prova a minha perna esquerda (a perna boa) já estava fadigada de tanta sobrecarga para compensar os passos fracos da perna direita. Apesar disso, eu estava me divertindo bem e passando bastante gente.

Numa das praias dei de cara com o Max e a Renatinha curtindo uma ducha e, logicamente, me uni a eles!


Saímos dali e entramos em outra trilha íngreme e escorregadia e falei ao Max que eu o puxaria na trilha e que quando entrássemos no asfalto ele iria me puxar.

Com o auxílio de um trekking pole, acabei engatando um ritmo bom nessa subida - acelerando com medo de patinar na lama - e quando olhei pra trás o Max e a Renatinha já haviam sumido de vista. Segui em frente na crença de que assim que começássemos a descer eles iriam me alcançar.

Até então, a pior parte para mim eram as praias, pois a passada se alongava automaticamente e eu acabava forçando mais o tornozelo ao aterrissar.

Isso me mostrava que o próximo trecho - quase que inteiramente de asfalto - seria sofrido para mim.




Cheguei ao PC Fortaleza uns 5 minutos mais rápido do que o tempo que eu havia feito ali em abril do ano passado, quando havia corrido os meus primeiros 42km. Considerando as paradas para bate-papo e banho de ducha e os passinhos curtos e vacilantes, achei que foi um bom tempo.

Contudo, eu não estava nem um pouco preocupado com tempo. Minha preocupação mesmo seria aguentar o impacto repetitivo do asfalto pelos próximos 5km até a última praia do percurso.

No PC encontrei bastante gente conhecida, inclusive o Denis, que aparentava estar um tanto quanto cansado (por que será né? Será que é porque já tinha corrido mais de 3/4 da prova sob o sol do Saara? rs).

Agora eu não me recordo se foi ele que propôs ou se fui eu, mas combinamos de sair do PC juntos.

E assim fomos, caminhando e trotando e seguindo a canção. Logo na saída do PC dei de frente com o Matheus, a Bruna e o Luís, tomando cerveja e esperando o churrasquinho ficar pronto! rsrs

Tomei um gole da cerveja do Matheus, conversamos um pouco e se não fosse o Denis me lembrar de que ainda tínhamos 8km pela frente, acho que teria pedido um espetinho e uma cerveja para mim também! hahaha

E lá fomos nós subindo pelo asfalto esburacado e desviando dos ônibus e vans da organização (bem melhor do que ter que desviar das dezenas de carros que costumavam fazer esse percurso nas edições anteriores).

Correr no asfalto com essa vista é ok (Foto: Max Cunha)
O Denis estava sofrendo bastante com cãibras/câimbras (escolha a sua preferida! rs), então a gente tinha que intercalar trote e caminhada com frequência. E mesmo as caminhadas um pouco mais intensas e em subidas o faziam parar com as "contrações musculares súbitas, involuntárias e dolorosas, de caráter transitório, ger. causadas por problemas vasculares decorrentes de esforço excessivo ou do frio" - a.k.a. cãibras.



Apesar do sofrimento dele, amigo que sou, tentava fazer ele avançar sempre. Ele respondia "Gabs, pode ir, cara. Você tá sacrificando a prova da Cris. Vai em frente". E eu falava "Relaxa, vamos juntos" enquanto pensava "o cara não vê a hora de se livrar de mim... devo estar muito pentelho mesmo!". hahaha

Um pouco antes de entrarmos na Praia Dura o Max passou por nós outra vez e tentei convencer o Denis para alcançarmos o Max e cruzarmos a chegada os três juntos. Menino educado que ele é, ele apenas respondeu "melhor não". Se fosse qualquer outra pessoa, teria me mandado pra pqp! hahaha


Entramos na praia e eu fechei meu bico. Agora faltava pouco e não queria estragar a chegada do Denis...rs
Mas ou eu estava com cara de criança pidona ou ele leu meus pensamentos e me falou "passando aquele canal a gente trota mais um pouco pra você ficar feliz"! hahaha

Voltamos a andar e encontramos um fotógrafo que queria que a gente tirasse uma foto saltando. Mas a gente não tinha condição nenhuma de saltar naquele momento, então fizemos essa pose super bonita e atlética:


Trotamos mais um pouco, paramos para andar mais um pouco e quando faltava pouco menos de 1km para a linha de chegada o garoto desembestou! Estava difícil acompanhá-lo, pois o pé já estava reclamando bastante do impacto e do aperto da tala, mas não queria deixá-lo escapar. Queria cruzar a linha de chegada com ele!

Colocamos nossos Buffs no estilo ninja e apertamos o passo!

As fotos mostram que ele acabou dando um sprint final e me deixando para trás, mas na memória vai ficar a lembrança de que cruzamos a linha lado a lado! rsrs







Parceria
A Cris veio até mim chorando e me abraçou, dizendo entre um soluço e outro que tinha ficado muito preocupada comigo (aliás, se você der zoom na penúltima foto acima, dá pra ver a cara dela de choro! rs).

"Deixa eu pensar... tirando a dor, tudo bem! =)"

"Tá tudo bem, tá tudo bem!"
Apesar de todo o incômodo, estava feliz, muito feliz em ter feito parte dessa prova mais uma vez. Muito feliz por ter interagido com tantos amigos e conhecidos e ter curtido melhor as paisagens daquele lindo dia. Meu sentimento foi o de uma grande vitória, apesar de o corpo parecer que apanhou de tamanco.

Como de costume, ficamos aguardando até que o último de nossos amigos cruzasse a linha de chegada e fomos para a arena farrear.




Farofaaaaaa!!!!11ONZE
Infelizmente a mudança dos chips da edição passada para essa acabou gerando alguns transtornos na apuração dos resultados e atrasando ou inviabilizando a premiação, mas para nós isso foi apenas um detalhe, que não tirou o brilho da prova como um todo.

Antes da prova, nossa preocupação era com o elevado número de inscritos e a possibilidade de isso, de alguma forma, alterar o clima e a energia dessa prova - que é, em verdade, o grande atrativo para nós.
Fico feliz em ver que apesar de 3.500 pessoas ser gente pra caramba, o clima, a vibração, o estado das trilhas e a limpeza permaneceram inalterados!

E sim, continuamos com vontade de voltar para as próximas edições!

A festa não seria a mesma sem a galera do Bonde!



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